O GRADE PÁSSARO AZUL
(e a natureza divina do caos)

há momentos em que tudo
parece estar à deriva,
numa certa confusão,
numa breve escuridão.
(que vai passar...)

há momentos em que tudo
parece estar em ordem,
numa certa composição,
numa breve clareza.
(que vai passar...)

entre a vida e a morte
há uma consciência divina,
que une e que separa...
às vezes, fragmentando a razão
e, outras vezes, unificando o coração.

há um paraíso no caos
em que o pássaro azul,
faz livres sobrevoos
na invenção dos nossos sonhos.
de repente, há um corte no universo.

há um caos no paraíso
em que o pássaro azul,
desaba como anjo caído
na criação das nossas realidades.
de repente, há um corte na alma.

Afinal...
Quem és tu, Caos?
Um deus andrógino (?)
Que na noite escura
Espalha os seus pedaços.


(sobre a minha fotografia "pássaro azul" para o grupo "O nosso olhar" por Leandro Selister)
OBS: retirada por mim do grupo "O nosso olhar"

Cada Um Tem O Seu Tempo

tive todo o tempo
pra alcançar
o meu sossego,
pra aliviar
a minha agitação...
os ponteiros do relógio
digital,
se atrasavam
para o meu desespero
analógico.

enquanto andamos
em círculos,
o que está ao alcance
da nossa mão?
será um vazio
ou apenas a completude
de nossa razão?
solidão que há,
é multidão também
...é só pensar

tive todo o tempo
do universo,
em que, até cabe um verso
na amplitude que, atravesso...
enquanto andamos no ciclo,
o sol nascerá do outro lado,
a lua iluminará o nosso olhar,
a flor amanhecerá vivida,
as gotas de orvalhos secarão
e o vento, ainda, nos abraçará...

e, assim, o tempo
continuará sendo duração
relativa das coisas...
presente, passado e futuro:
momentos,
períodos,
épocas,
horas,
dias, semanas, séculos
e, mais, um outro ano voltará...


(sobre a minha fotografia no grupo "O nosso olhar" por Leandro Selister)

Um Elogio Infinito à Paixão II.

CAVEIRA A CAVEIRA

NUMA ETERNA RENOVAÇÃO

A VIDA É PASSAGEIRA

?O QUE TE TOCA NO CORAÇÃO?

O que me toca no coração,

Está contido em versos de amor...

Palavras que não se prendem à ilusão,

Nem a mais melancólica dor...

Sou um eterno sonhador...

E das loucuras, sou a devassidão

Que pulsa de um jeito arrebatador:

Corpo, universo, ninho, constelação...

(sobre a minha fotografia Caveiras do Amor - O nosso olhar / grupo de Leandro Selister)

HÁ DE TER
ALÉM DO HORIZONTE
NUM CÉU
AZUL DE BRIGADEIRO
DOCES GOTAS
BRANCAS DE ALGODÃO

há de ter
por detrás do véu
que cobre
os teus lábios
segredos
de uma eterna paixão

há de ter
além da cor
do teu batom
a matiz
mais pura
que prende o coração

há de ter
no teto
da tua boca
desnuda
o céu azul
e doces nuvens de algodão

há de ter
no teu sorriso
o brilho de lua cheia
que tanto ilumina
como se fosse
fogo que aquece todo amor

há de ter
na tua louca abóbada
celeste
a minha língua
que te faz cócegas
para os teus risos descontrolados

há de ter
no teu céu estrelado
mil sonhos
pra sentir em nossos palatos
o doce e livre espaço
onde se localizam e se movem os astros

(fotografia, minha, referente ao Projeto "O nosso olhar" de Leandro Selister)
 

Natureza-morta na arte de cozinhar

natureza imóvel,
objetos imóveis
e ainda há vida.

?fica em casa?
lar doce lar...
e ainda há comida.

da sala pra cozinha,
pra sala de estar
e ainda há uma saída...

no quarto há uma janela,
que dá pra natureza viva...
e ainda há árvores frutíferas.

hoje, quem vai preparar o jantar?
enquanto a fotografia se faz
entre louças, livros e taças de vidros...

veja as cores das frutas, das flores
e a luz refletida nas garrafas, jarras e porcelanas.
quanta musicalidade pra se preparar...

ouça o tilintar dos objetos,
enquanto os alimentos fervem,
como se tudo fosse instrumentos musicais.

natureza-morta na arte de cozinhar
já dizia o ditado:
"o que não mata engorda" 


(sobre fotografia minha no projeto "o nosso olhar")

o não relicário

todos os santos
ou nenhum...

é fé
às vésperas
às cegas
às claras

a vela acesa,
que a tomada não apaga.
as cartas na mesa
e a ilusão que naufraga.

a minha insana mente,
busca o meu reencontrar
na profundidade resiliente
ao nascer de um novo despertar.

a final de contas,
qual é a finalidade principal
pra minha conexão
espiritual?

todos os devaneios
ou nenhum...

"o passado na frente da janela"

o que já foi já era (?)
o passado na frente da janela.
mas, como tudo passa,
esse tempo passará...
qualquer máscara,
qualquer olhar,
a vida lá fora ainda é bela,
como as pétalas da flor,
tão, sensível ao amor,
tão, resistente à dor.

o passado na frente da janela,
é o que a vitrina recorda (?)
os nossos sonhos à mostra,
numa imagem semelhante a nossa,
(uma manequim boneca)
exibe seu corpo livre,
veste à moda,
como se fosse pedra preciosa,
ao nosso olhar
que espera tudo passar...

(sobre a foto de nadiarauppmeucci - instagram:"o passado na frente da janela" manequim)