O que há de vir...

Ando por esses caminhos

Que um tal de destino

Finge em ser por acaso...

E, por acaso,

Quem nunca fingiu?

O que há de vir

Agora, antes ou depois

(Deus é amor)

É tão fácil dar início

Ao que é proibido.

Mas, é tão difícil parar com o vício...

Ando cruzando destinos,

Apagando e escrevendo um novo caso.

Sorte. Fado.

 Quando eu era criança, muitas vezes, caia da bicicleta

As cicatrizes são elas que demarcam

O que se perdeu no momento,

Enquanto tudo estava consciente.

Antes, eram feridas abertas na carne e na alma

E, agora permanecem na memória,

Num vai e vem...

Algumas cicatrizes se tornam ridículas,

Ao passar dos anos,

Até risadas se dá...

E, outras cicatrizes ainda navegam

Em uma dor que não existe mais.

Mas, mesmo assim estão latejando lá...

As cicatrizes são elas que nos derrubam

E são elas que nos levantam,

Enquanto a tristeza for crescente.

Mas, depois de cabeça erguida a vida segue

E nada permanece eternamente.

É como tudo que aparece de repente.

 Um dia a gente encontra o verdadeiro amor

Penso, com carinho, no amor

Não há sonho sozinho.

É preciso que a gente ame,

Desesperadamente,

Sem esperar nada

Absolutamente.

Penso, no caminho, com a razão

Não há realidade na ilusão.

É preciso que a gente ame,

Absolutamente,

Sem esperar nada

Desesperadamente.

 Inquietude

Tem que ter coragem

Pra ir embora

E voltar mais tarde

Você ainda vai olhar no fundo

Dos olhos da saudade

Ou da loucura quem sabe

Era uns dias desses

De tão bonito

A dor não era quase nada

Aquela despedida

Não parecia

Apenas um adeus

A porta era a saída

Era simples

E não era engano

Sair sem dizer

Qual era o plano

Então saiu de um jeito

Sujeito engraçado

Com um sorriso leve

E despreocupado

Nem sempre disse pra onde iria

Nem sempre foi pra onde disse

Por isso livre ele vai

Encontrar o quê?

Talvez o amor

Quem sabe a paz

Ou qualquer outra coisa

Quando se busca a felicidade

Pois nunca é tarde demais

 Faça de conta

Diga-me tudo pela loucura

Pois se há coisa mais absurda

Que a própria mistura

Entre alguma coisa

E coisa alguma

Então que seja com amor

Com ternura

Mesmo que pareça sem cor

Sempre há um gosto de doçura

Que irrompe da ruptura

Amargura

Dor

Tão alucinante como a tortura

Entre pétalas de margaridas

E

Estrelas infinitas

Que tingem os céus

Transformando pelos tempos

Memórias em ano-luz

De todo o esquecimento

Pelas perdas

Pelos beijos

Quem saberá

Se

Os sonhos são desejos

E se vale apena pensar

Diga-me

Tudo

Pela loucura

 Eu Ando Desnudo

Meu coração não me prende,

Como me prende a minha razão.

Existe em minha alma

A palavra solidão.

Mas, que não me deixa somente

Pois, só é apenas uma palavra

Que não desfalece em meu coração.

Ainda eu sou desses que conhece os segredos

Escondidos do medo do objeto da paixão.

Ainda eu sou desses que não implora,

Nem chora pelo amor em vão...

E quando isso acontece

Eu tenho tido mais pecados,

Golpeando o perdão.

É quando e de repente

A luz irrompe, revelando a minha nudez.

 Objeto Do Amor

Malditos animais

Humanos que somos

Carnívoros

Canibais

E outros falsos insanos

Meu pai

Não levarei

O mundo em meus ombros

Minha mãe

Me encanta

Os meus delirantes sonhos

Sou eu

O teu

Objeto do amor

Sou eu

O filho de Deus

Ateu

Que tudo prometeu

E nada fez

Santos benditos

Perdidos

Entre tantos carnavais

Vestidos de anjos

Ou de demônios ancestrais

És tu

Alma e carne

De vida inteligente

Que engana

Que mente

És tu

A própria imagem

Da imagem que alguém te imaginou

Somos todos

Objeto do amor

 Entre a regra e a exceção

Existe algo dentro de mim,

Alguma coisa que ainda não identifiquei.

Mas, me parece ser algo do bem.

E sentir isso que mal tem?

Não há mal algum em não ser refém,

Em ter uma barriga que não guarda um rei.

Eu sou assim,

Vivendo as regras que não me impeçam de seguir livre,

Porém não existe uma única reta,

Nem régua que determine os meus limites.

E qualquer exceção

Não será privilégio nem exclusão,

Será apenas uma outra definição

Em que a ruptura substituirá uma outra conexão.

Existe algo dentro de mim

Entre a regra e a exceção.

 Eu te amo e tu me amas

Por um momento imaginei,

De tão breve que nem sei,

Como se fôssemos dois passarinhos,

O amor tem asas...

Às vezes um foge,

Voando em desalinho

E outras vezes, bem baixinho

Os dois sobrevoam,

Pra pousar no mesmo ninho.

 DESPEDAÇA

Tua língua desliza em minha alma

feito uma lâmina afiada

que divide até um fio de cabelo

Corta

mas não sangra

Fere

o corpo inteiro

Rasga

os sentimentos

E o que fica por fora

marcando a minha vida

permanece ecoando

É como um doce veneno

São como as insanas palavras

 Advogado do Diabo

É fácil vender a alma

pra se ter

o que depois se perde.

Perdido sempre se estará,

Após a entrega ter sido feita.

Não há mais volta...

Quem distroi a si mesmo

Não constroi outro começo,

Nem termina o que iniciou.

É que o fim está sempre presente.

E martela na mente

O que se perdeu do seu interior.

É difícil seguir

Em pé

Quem escolheu se rastejar.

Agora,

O que resta

É viver na guerra...

...sossego, já, não existe mais,

nem para dormir, nem para sonhar.

Apenas há o silêncio que não lhe escuta mais.

Não há mais paz de espírito.

Não há mais sentido pra sentir o que não se sente mais...

Agora é vídeogame: matar ou morrer.

 E

Como tudo anda de pressa

Quando há algo que interessa

E

Quando não há nada à vista

A hora parece lenta

E sempre há quem lamenta

Como um falso moralista

E

Quem é que planta a ideia

Comunista

Surrealista

Capitalista

Individualista

Legalista

Calculista

?

Talvez nem a poeta

Nem a sua poesia

Podem iluminar

Pois se há verdade

Dentro da fantasia

Qualquer um pode criar

É a arte

Artificialmente

Como qualquer disfarce

Que aos poucos invade

A mente

Como se fosse a realidade

E no final é

 Canibal

não entre no meu mundo

que eu não entro no seu

não sou filho de anjo

nem sou filho de ateu

cada um escolhe o seu caminho

e um destino nem foi Deus quem deu

me deixa em paz me deixa na guerra

o que aqui se faz se paga na terra

não há um céu imortal

nem há um paraíso

mostre pra mim o seu sínico sorriso

e eu lhe mostro o pecado mortal

não entre no meu mundo

que eu não entro no seu

fecha a porta e as janelas

eu quero o silêncio total

eu quero saborear meu fígado

meu cérebro meu intestino

abra o seu coração se quer amar ela

ou ame a sua alma como um clandestino

e pra qualquer lugar que você vá

não olhe para trás o que foi pra sempre será

 Momentos Críticos

Meus pensamentos,

Muitos deles,

Andam meio desmontados...

Já não consigo mais domá-los.

Os poucos que me restaram,

Ainda encaixados,

Permanecem obedientes

Pois, já, estão adaptados.

Esses estão lutando

Pela vida que eu acredito.

Os outros estão desassossegados

Pela vida que vivemos...

Eu tento convencê-los

Que só viveremos se lutarmos,

Sem desespero,

Mantendo o equilíbrio passo a passo.

Na vida nada é fácil,

Às vezes não há saída

E, outras vezes só há um esconderijo

Dentro do seu próprio imaginário.

 PARTE A PARTE OU MAIS AO LADO

Eu sou a presa

Das minhas ideias,

Tão fácil,

Quanto a verdade

Que me rodeia...

A verdade sobre as coisas

Que me cercam

É mais que uma falsa realidade.

E cada uma anda pela metade

Pois, elas não passam de meias-verdades.

O que em parte é o meu mundo?

São mentiras inteiras.

Descartáveis como os pensamentos em vão...

E qualquer razão que eu tenha

Será apenas a minha opinião...

?do que vale a minha opinião,

Se não há a veracidade eterna

As ideias andam livres

No universo da imaginação.

E como é bela a ilusão de tê-las.

Eu sou a presa.

E pra ser fiel aos meus sentidos,

Eu ainda acredito na efêmera

Efeméride

Dos efemerídeos.

 SEJA COMO FOR

QUE SEJA SENTIDA

CONTRA A TIRANIA

Preciso lutar

Continuamente

Por mim

(e por vocês)

Preciso que essa verdade

Em minha alma

Seja sentida

Preciso ser ninguém

Pra ser alguém

Como vocês

Preciso ir além da barbárie

Preciso ser livre

Pra ser cidadão

Preciso estar na cidade

E sentir a multidão

Escravidão jamais

Preciso do universo

Pra enxergar além das frestas

As minhas ideias

Preciso estar vivo

Esse é o meu direito real

Pra conquistar além do meu umbigo

(e com vocês)

 VERBORRAGICAMENTE FALANDO

Diga-me ao que venho

E pare de repetir

Repetidamente

Não use em tuas palavras

O que tu não sabes

Exatamente mente mente

O que realmente

Tu tens em mente

Além de raciocinar de modo vão?

Ou será

Que sou eu

o papagaio?

Ou será

Que sou eu

Do palavreado vazio?

Ou será

Que sou eu

Que ignoro as tuas ideias?

 A Essência das Coisas

Um coração que arde

Está em plena sensibilidade

É como se fosse a mente

Que mais sente...

Um coração que arde

É porque sente por inteiro

E não pela metade

E poucas vezes sabe

Pois sente como osso e carne

Um coração que arde

Como se fosse a memória

Às vezes pra si mesmo mente

Relembrando coisas ilusórias

Um coração que arde

Jamais parte

Ancora no mundo

Desconhecendo a maldade

Acreditando no sonho profundo

Um coração que arde

Está em sã demência?

Está em louca consciência?

Das coisas qual será a essência (?)