terça-feira, 30 de abril de 2019

A TRAVESSIA

Enquanto a luz
Recorta a igreja
E outras casas
A sombra vem e abraça
A rua e a calçada
E o transeunte atravessa
Para o lado da praça

Enquanto a sombra
Recorta a igreja
E outras casas
A luz vem e beija
O asfalto e a Independência
E o transeunte atravessa
As faixas transversais



(baseado em fotografia de Nádia Haupp Meucci)
UM MILHÃO DE DESPROTEGIDOS
(um milhão de triticidade)

há uma triste realidade
há uma triste sociedade

há uma triste verdade
há uma triste cidade
há uma triste religiosidade
há uma triste caridade

há uma triticidade

há um disfarce em cada face
que diz que não vê
há uma dor que já não é mais latente
que está tão presente
há quem diga que é pra sempre
que a humanidade não provê

há muita triticidade
******
há uma alma pesarosa
que se multiplica a cada dia
há uma fome silenciosa
que grita todos os dias
há uma esperança tenebrosa
dia após dia

ah tristicidade
teu lixo é a minha sobrevivência
mas não sou imune a tantas doenças

ah tristicidade
teu luxo é pra mim apenas paisagem
que o meu olhar adormece em qualquer parque

ah tristicidade
teus caminhos não me levam pra casa
pois a minha morada é na rua é na calçada



(baseado em fotografia de Leandro Selister - Tristicidade)

quinta-feira, 25 de abril de 2019

A DAMA NO ASFALTO

A dama no asfalto
Perdeu sua coroa
Quebrou o salto
ou deixou de ser patroa


Quem dirá quem diria
Descendo os degraus
Está fora a rainha
Do naipe de paus


Agora na rua da amargura
Sem eira nem beira
Vai virar uma perua
Será feitiço de macumbeira?


O asfalto e a dama
Um beijo um abraço
Ou mais uma trama
Da rainha de aço


(sobre fotografia de Leandro Selister - "A Dama no asfalto" Coisas do Cotidiano)
A MINHA FLOR MORREU DE TRISTEZA

No meu jardim eu nunca estava sozinho
Mas, hoje estou...
A minha flor morreu de tristeza
E, agora eu vivo sem o seu carinho.


Amarela era a sua cor,
A mais formosa...
De tal forma, que a sua beleza aflorava
Mais que a sinuosidade das linhas humanas.


Seus espessos espinhos,
Pareciam as mais delicadas unhas.
E suas pétalas enrubesciam
Por cada lisonja de amor. 


Amar ela, era pra sempre tê-la,
Era o optimum da nossa relação.
Mas, por um instante a solitude tomou-me o coração.
Foi numa fração de segundo, sem vê-la.


Nessa minha fração de incerteza,
(ou os dois morrerão)
Foi o que abalou a nossa fortaleza,
(ou os dois florescerão)
Porém, já era tarde demais, a minha flor morreu de tristeza.

terça-feira, 23 de abril de 2019

O Principal: Espaço Urbano

Por onde o tempo passa?
É por onde a arquitetura não disfarça...
Nada mais é como era antes.

Mas, ainda há beleza nos detalhes.
Ainda há saudades em certos horizontes.

Ainda há formas e entalhes,
Por onde fios em tramas
E rabiscos distorcem as artes.
Por onde o bonde passava (?)
Por onde o amor dos transeuntes andava (?)

Em que parte há uma lembrança?
Em cada estrutura ainda há esperança...
Por onde o tempo passa?
Ainda há uma paisagem que não perde a graça
E, que a arquitetura não disfarça.

Ainda há poesia na imagem
Por onde o tempo passa?
Ainda há!
Enquanto as estruturas estiverem de pé.
Enquanto a destruição não derrubar a fé.





(sobre a fotografia de Flaneurartefoto/Nádia Raupp Meucci - instagram)

segunda-feira, 22 de abril de 2019

UM SORRISO DE VERDADE
(balada)

Eu acredito em teu sorriso
E não duvido, só há verdade.
Qualquer motivo pra me lembrar,
Me deixa sem improviso,
Me deixa cheio de saudade.


Eu quero estar
Sempre ao teu lado.
Chega de disfarçar o que eu sinto.
Assim não dá... ficar fingindo,
É coisa que não se faz mais.


Já não tenho mais idade
De me perder no esconderijo.
Já não tenho mais idade
De parecer adolescente
E me sentir desprotegido.


Posso até estar desesperadamente,
Quando estou perdido.
Mas, quando estou ao teu lado
Eu só estou contigo, tão acordado...
Sei dos meus atos e de todos os sentidos.


Já não tenho mais idade
De me perder no esconderijo.
Já não tenho mais idade
De parecer adolescente
E me sentir desprotegido.

domingo, 21 de abril de 2019

Coisas do Coração

Diga sim
Ou diga não
Mas me diga
Meu amor
Com o coração


Então
Me diga
Por que há razão
Nas coisas feitas
Nas coisas feitas


Nas coisas feitas
pela emoção
Coisas loucas
Coisas soltas
Coisas...


Então me diga
Sim ou não
Mas não finja
Mas não fuja
Dessa vida inteira


Então não perca
O tempo inteiro
Pensando besteiras
Fazendo jogos
De sedução


Vamos inventar
Reinventando
Coisas loucas
Coisas soltas
Coisas...


Vamos realizar
Sonhos em vão
Vamos realizar
Nem sim nem não
Coisas do coração
Uma Reflexão
(se é disso que eu preciso...)
 
Indefinidamente,
Talvez possa ser
Uma pergunta
Sem resposta (?)


O que dura na mente
É o que permanece na alma
Ou é o que realmente importa (?)
Quem sabe, é algo que passa de repente...


Quem reflete com calma,
Abre a janelas e a porta
E deixa entrar a vida lá fora,
Para o coração eternizar.


O tempo percorre sem limites
E segue em frente... pra sempre...
É pra contar uma história
Do passado, do futuro e do presente.


Mas, ele a amava eternamente.
Um amor atemporal...
Passageiros fora do tempo
De um contínuo movimento astral.


Efêmera é a vida definida,
Que se perde no dia a dia,
Na falta de fantasia
Para que a realidade possa sonhar.


Mas, ela o amava mais que o infinito...
Além de um breve poema indizível
Pois, nunca havia um fim, nem um precipício.
Apenas, um o começo do recomeço do início.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

MAIS E MAIS

Cristo
Chega para mim
Como a luz
Que desce das alturas
E me toca
Alma corpo e mente
E eu
Quase de repente
Soluço uma prece


Cristo
Ressuscita
Redentor
Finalmente nos ilumina
Com amor verdade e paz
É assim que a luz
Em nós cresce
E incorpora a força e a fé
Pra vencer a sombra
Que paira nos fracos e desavisados

domingo, 14 de abril de 2019

AMA-ME?

há uma pessoa
no meio
do caminho
há no meio
do caminho
uma pessoa


somos todos assim
no meio da multidão


há um corpo
deitado no chão
há uma vida
entre a chegada
e a partida
Qual é a melhor saída?


somos todos assim
uns mais que os outros


há uma alma
no meio da trama
que já não clama
e que nem mais se chama
que não há mais chama
que ninguém mais a ama


somos todos assim
no meio do cotidiano


(baseado em fotografia de Leandro Selister - Invisibilidade)
TODOS SÃO IMPORTANTES (?)
******
Há um sentimento de identificação
Em relação ao sofrimento do outro.
Há um momento em que o mais racional é o cão
E cada olhar ao redor, permanece neutro.
******
Há uma reciprocidade entre os dois animais
Pois, seja por fora ou seja por dentro,
Pertencemos ao mesmo Reino.
É carne, é osso... somos todo mortais.
******
Será que o cão precisa de treino
Pra ser apenas verdadeiro,
Pra ter no coração a solidariedade?
Não há amigo pela metade, só há por inteiro.
******
Na vida, não há tempo para sonhar
E sonhar, sonhar e...
É preciso agir para modificar,
Caso contrário no visível nada se vê.
******


(baseado em fotografia de Leandro Selister - Tristicidade)

quinta-feira, 11 de abril de 2019

ABORDAR NO ÂMAGO DO BORDADO

Bordando a realidade
Em sonhos que eu nunca esqueci...
É assim que me sinto,
Desenhando com as linhas,
As linhas que me faz entrar pra dentro de mim,
Para dentro... bem mais para o centro...
No âmago da minha vida,
Vivida cidade...
Dia e noite, em cada canto,
Como algo que me reconstrói a cada fim de tarde.

Bordando a cidade
Em imagens que eu sempre vi.
Recriando com as mãos
O que o coração não esqueci,
O que é da minha imaginação...
Somente há a verdade,
Que gera a arte aqui e ali.
O lugar é este,
Entre fios, agulhas, tecidos e figuras,
Como algo que me liberta do mundo lá fora.


(baseado na Arte 
Trinta e seis – Leandro Selister: fotografias, desenhos e alguns bordados)


quarta-feira, 10 de abril de 2019

SOMOS MAIS QUE MICRORGANISMOS DE VULCÃO


não adianta estarmos longe
porque nada nos separa
não há distância para nós amantes
pois é assim que a vida nos prepara
nos aproximando além dos horizontes
na mesma rua da infância que nos ampara


somos mais que o eterno verso
de um romântico poema
somos mais que todo o universo
e toda força de qualquer sistema
seja novo ou seja velho o reverso
o principal é seguir o nosso lema


pra sempre estar é pra sempre ser feliz

o que nos faz pensarmos assim
loucamente além de qualquer fim
o que nos faz pensarmos assim
o que é bom pra você é bom pra mim
o que nos faz pensarmos assim
de sempre estarmos sempre afim


somos anjos ou somos demônios
nesse mundo de tantos enganos
sejamos ateus e cristãos no matrimônio
nesse mundo de tantos insanos
pneumoultramicroscopicosilicavulcanoonio
somos todos nós belos ciganos


terça-feira, 9 de abril de 2019

PANORAMA URBANO II.

Vista-se
Indecentemente bem
Mesmo que seja qualquer coisa estranha
Mesmo que seja da pura alma humana


Vista-se
Sem agonia que causa o dia a dia
Sinta-se loucamente insana
Mesmo que seja uma ideia sacana


Vista-se
Vagarosamente
Sem ter que se importar com a fama
Que difama que inflama como quem ama


Vista-se
Pra noite escura
Que não disfarça e se mistura
Sem qualquer frescura


Vista-se
No corpo no verso no universo
Na tarde que arde
Nas chamas do amor


Vista-se
Com o que sutil lhe possui
Com carinho com calor
Com sonhos de um sonhador


Vista-se
Como uma estrela cadente
Que vem tão de repente
Irrompendo corações e mentes
Panorama Urbano

Tímida ela sorri
Para o horizonte
Que sobe e desce


Ela está ali
Iluminando o cair do dia
E o nascer da noite


Lua nova
Quem lhe observa
A esta altura


Lua nova
Astronômica
Corpo celestial


Lua nova
Como é lindo no universo
Que envolve a Capital 


Tímida, no espaço sideral
Entre a Terra e o Sol
Lua, Lua, satélite natural


Ela está ali
Orbitando a urbe
Desenhando finos contrastes


Ela está ali
Abraçando edifícios
Num céu de final de tarde



(sobre fotografia de Leandro Selister)