domingo, 20 de dezembro de 2020

 Superficialmente Profundo

O meu silêncio
Tem tantos ecos
E cada um é um reflexo
Desse meu interior
Às vezes tão tangível
Como a superfície de um objeto
E outras vezes tão profundo
Como o sentimento intocável
Mas eles estão lá
Fazendo parte da minha alma-corpórea
O meu silêncio
Ou não está aparente
Ou está existente
Na forma disfarçada
Num vai e vem
Em ondas sonoras
Mas é quando não se cala
Que escreve o que não se esquece
Palavra por palavra
Repetindo os pensamentos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

 Aliança

ainda tenho esperança
não sei até quando
vai durar essa lembrança
mas sei que ela existe
assim como sei da desconfiança
que também persiste
às vezes invento
que sou ainda criança
mas logo sopra vento
adeus adeus sentimento
quem sabe Deus
faz de mim sua semelhança
frágil homem e sua lança
baluarte do firmamento
que não se deixa cegar pela vingança

 Desejo Vivo

já disse
um montão de vezes
como matar a sede
tudo acontece antes
e tão de repente
de explodir a mente
o corpo sente
mais que água ardente
invade a corrente sanguínea
verte feito aos montes
vertente demente
que vem da fonte
não mata
como a bebida
que encoraja
vai de parte a parte
de gota a gota
até causar a enfermidade
abre-se
no silêncio
um abismo
espalha-se
como sorriso
contagiante
une-se e separa-se
num pisca-pisca
quase que instantaneamente
e é tão corrente
como a água que escorre
lavando a alma

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 poesias de amor pra sempre

será que existe coisa pior
do que não poder dizer adeus
a quem te amou de verdade
será verdade que existe amor
tão forte como os dizeres na lápide
aqui jaz a tua eternidade
será que
o que é eterno
sente saudade
será que
a saudade
sabe o que é a liberdade
será que há liberdade
na saudade eterna
que não descansa em paz
será que tudo não passa
de uma guerra interna
que não tem tradução
será que nada repousa
na ausência
na distância da solidão

domingo, 13 de dezembro de 2020

 Da floresta que nos resta


Havia vida lá fora
Havia um tempo
E todo o tempo
Não havia a hora

Era tudo da vida
Da vistosa natureza
Das infinitas estrelas
Dos raios de luz do sol
Da poética suave da lua cheia

E agora
O que o asfalto nos deixou
É o tanto que nos resta
Da floresta que nem se enxerga mais

Era tudo da vida
Dos pássaros livres
Dos índios da terra
Das águas límpidas
Das ninfas da floresta

E agora
Imensos paredões concretados
O som duro dos motores
E o gosto de corpos carbonizados

Havia vida lá fora
Havia em cada grão os sonhos
Na fragilidade dos amores
E as nuanças das flores
Pois não havia a hora

Agora
Da floresta que nos resta
São as belas imagens
Sobrevivendo em telas de artistas


(sobre foto de Leandro Selister - "DA FLORESTA QUE NOS RESTA"
A exposição "Arte em circulação)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

    Sou duro comigo mesmo

eu tenho muitos demônios dentro de mim,
uns falam mais alto
enquanto outros falam baixinho...
é difícil de saber
quem está me dizendo a verdade
ou quem sabe nada demais.
não sei
se há anjos em volta da minha vida,
talvez até há...
seria tão fácil acreditar,
que a morte é a melhor saída
pra pagar as dívidas.
mas, ainda há dias de sol,
há noites estreladas
e há poesia na lua cheia.
mas, ainda há o sorriso,
o encanto da flor
e o canto dos pássaros...
então,
eu ainda não perdi as esperanças!?
é algo de Deus.

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