domingo, 9 de abril de 2023

Sinceramente

 Sinceramente 


Dizer que faz parte,

Nem sempre é a melhor explicação.

Mas, faz parte...

E, é, tão, pior que a própria razão.


O que me parte o coração

É essa divisão,

Que dividiu em duas partes

O amor pela metade.


Agora eu sinto saudades

Das lembranças

Das verdades

Da imaginação.


Fazer o que

Se o meu instinto

É tão real

Quanto a minha ilusão.


Dizer que faz parte,

Entre a vida e a morte,

Partindo ou não

É olhar por inteiro.



Espelho Espelho Meu

 Espelho Espelho Meu


Alguém um dia me disse

Que não vale apena

Viver tão intensamente

Por ninguém 


Eu 

Até acreditei

Por longos 

Meio século


Hoje eu estou desacreditado

Por ter acreditado

No meu

Eu



ordenando as ideias

 ordenando as ideias 


de alguma forma

me comprometo

mas não vou me pronunciar

neste momento


a minha palavra

tem pouco alcance

é que de cima

soa baixo


e fica cada vez mais comum

o meu silêncio

agonizando

a todo instante


incessantemente

de forma muito rápida

sinto a falta

do relógio sem tempo


de alguma forma

preciso me adaptar

com o andar dos ponteiros

seja na hora que for 


e assim uso no cotidiano

pra desvendar meus defeitos

com efeitos efêmeros

eternos demais



sexta-feira, 7 de abril de 2023

O Recomeço

 O Recomeço 


Estou aberto ao diálogo,

Pode ser uma conversa de amigo

Ou se quiser incorporar o diabo (?)

Nem tudo se pode ter tão fácil.

Mas, não ter nada já é um perigo.


Estou aberto ao diálogo,

Pode ser uma troca de ideias

Ou quem sabe um monólogo,

Trocando cegas palavras, 

Cara a cara no espelho.


Estou aberto ao diálogo,

Posso estar aqui,

Deu pra ti.

Posso estar ao teu lado

Por acaso.


Estou aberto ao diálogo.

E, até parece distante

O que aparece em mim.

É como andar tão próximo,

Tão prosa, tão verso, enfim...


sbs

Quando o mal mata a infância

 Quando o mal mata a infância 


Há uma dor que me dói

Mais que tantas outras dores tão doídas


Há uma triste dor que não se cura

Nem com o passar dos tempos

Há uma dor dolorida que não se calcifica

Ela fica no corpo, na mente e no coração

Há uma dor que na alma se eterniza 


Há uma dor que me dói

Mais que tantas outras dores tão doídas


Há uma dor mais que sentida

Vinda da mão humana

Dessa mão que tira a vida

E não se importa com a infância

Com os olhares das crianças


Há uma dor que me dói

Mais que tantas outras dores tão doídas


Há uma dor que não passa

Pois a lembrança não apaga

Aquela inocência amada

De tão pura verdade 

Que nunca mais vai se calar 


sbs


(Dedico todo o meu sentimento de conforto aos pais das crianças de Blumenau. E, que essas crianças que partiram como anjinhos estejam em paz. Dedico as crianças que sobreviveram à violência e as crianças e as professoras que conseguiram salvar tantas outras crianças da dor) sbs

domingo, 2 de abril de 2023

coisas que tu e eu amamos

 coisas que tu e eu amamos 


Teu jeito de me olhar

Desnuda a minha alma

E cobre o meu corpo

De desejos do amar


Tuas mãos trocam segredos

Com as minhas

E devassas fantasias

Se aninham


Tua boca na minha boca

Captam nas línguas 

Intensos universos

Desconhecidos


Tua vida é o meu mundo

Segundo por segundo 

Chegada por chegada

Coisas que tu e eu amamos



Court-métrage

 Court-métrage 


A vida

É

Tão

Curta.


Court-métrage


E quase não dá tempo

De percorrer uma parte da metade.

Não há liberdade.

Não existe nenhuma definição?

Essa é, que é, a realidade

Ela não se desprende da escravidão.


Vidas sofridas...

Preconceitos precedidos

Por antepassados malditos.

Reis do absolutismo.


A vida é tão curta,

Cheia de materiais embutidos, 

Nas mentes vazias,

Nos brilhos das joias,

Nos termos de linho.

Um anjo caído.


Não se vê nada mais do paraíso

Que, ainda, aqui está

Quase todo sendo engolido

Pela mão humana.



Quimeras

 Quimeras 


Isto me leva à reflexão

E mesmo assim

Tudo é tão intuitivo 

É o que me diz o coração


Coisas que vêm e vão

Navegam como um barco

Em plena escuridão

Guiadas por estrelas

Enquanto se ouve os cantos

Das sereias

Coisas da imaginação


Isto me leva à reflexão

E mesmo assim

Nada está tão perdido

Entre a dúvida e o conflito


É quase uma liberdade

Tomar uma decisão

No inconsciente da mente

Que se prende como se fosse o monstro 

Cabeça de leão 

Corpo de cabra

E cauda de dragão 



sábado, 1 de abril de 2023

Termos de um contrato

 Termos de um contrato 


De repente

É pra sempre

Como as ideias

Que vagam

Permanente

No verso

Insolúvel


De repente

É tão útil

Rimar

Sutilmente

Pra se afirmar

O poeta

Irreverente 

Resgate

 Resgate 


O tempo todo

Noite a dentro

Meus olhos trêmulos

Teimam 


Em noites mal dormidas 

As horas vazias

Parecem o tempo todo

Passarem lentamente 


O meu coração

Se enche de imensa solidão

No que está perdido

É o que me resta


Aqui eu paro pra continuar

A minha fuga

Dentro desse labirinto

Que me habia

É tão simples

 É tão simples 


Simplicidade

Pra se dizer

Simplesmente

O que é sofisticado

Demais

Somos e Podemos

 Somos e Podemos

Podemos e Somos


Podemos ser diferentes

E diferentes somos

Mas nada nos surpreende

Se não tivermos o brilho do encanto


Podemos sonhar sonhos iguais

E igualmente navegarmos

No mesmo mar do inconsciente

Num Movimento Rápido Dos Olhos


Somos sábios e somos tolos

Às vezes somos palavras ao vento

E outras vezes jogamos com o tempo

O exato momento do rumo certo


Somos como versos nos inversos

Opostos oponentes passageiros

Como transeuntes do ódio e do amor

Na busca dos vestígios verdadeiros


Podemos e somos

Somos e podemos



Eu Acredito

Eu acredito 


Vou entrar pra dentro

Pra dentro de mim

Mesmo que eu queira fugir 

Tenho que encarar 


É certo que não sei fingir 


Vou buscar qualquer coisa

Que me diga a verdade 

Qualquer coisa que seja por inteiro

E não pela metade


É certo que não sei de mim


Vou pra algum lugar

Que o meu coração me diga tudo

Mesmo que a razão não saiba de nada

Algum lugar que me leve daqui


É certo que não é o fim


Vou e já volto 

Sem assinar nenhum contrato

Sem a caixa preta 

Pra me encontrar do outro lado


É certo que é assim


Vou pra me descobrir

Redescobrindo o meu passado

Pra entender o meu tempo

Mesmo calado eu preciso sorrir



domingo, 29 de janeiro de 2023

POR QUE SOU A MINHA PRESA

POR QUE SOU A MINHA PRESA


Por que me expresso

Se nada confesso

A vida inteira


Não há no poema

O conhecimento

Da minha real ilusão


Por que me perco

Implorando perdão

Aos sete ventos


Pois nada me leva no sopro

Tão forte como um beijo

Que implora por paixão


Por que eu mereço

Me prender ao coração

A que preço


Somente o meu sentimento

Revela em segredos

Coisas em vão


E que de tão espessos

Permanecem acampados

Na minha imaginação


Por que me expresso

Se nada confesso

Até que desfaleço 


No verso

É que me esqueço

Do resto do resto do resto


sbs

A Contemplação

 A Contemplação


Das flores

O sentimento

Dos desejos

A imensidão

Do céu

As estrelas

Da noite

A escuridão


E os versos

Que transbordam

Na luz da razão

À procura de um invento

Na loucura do coração


E os versos

Que ainda restam

Se completam

Na solidão

Às claras de um amor confesso


E que de certo

É tão incerto

Pois é a pura 

Imaginação 

É como contemplar

O universo

E só alcançar

O que está tão perto de uma doce ilusão


sbs

Yanomami

Yanomami e a ameaça cega dos brancos


O INÍCIO:


E, é assim como eu me sinto,

Como um menino prodígio,

Como um anjo divino,

Como um  filho de Deus.


Sou eu

A ameaça cega

E branca


O MEIO:


Malditos brancos predadores

Destruindo a terra-floresta

Ameaçando o povo Yanomami


Rios contaminados,

Árvores no chão,

E animais mortos

Na contínua e permanente depredação.


E quem não se esquece...

Quem são os ateus,

Os sem almas e os hereges (?)

Adeus, adeus


E, é assim como eu sou?

Espírito maligno?

Vida sem cor?

Coroa de espinho?


Destruindo os povos nativos,

Os Xamãs e os Espíritos.

Por que tanto desamor?


E mais uma vez

A ameaça cega dos brancos,

Estranjeiros, viajantes,

Soldados e garimpeiros.


E mais outra vez

Constroem as suas moradas,

Igrejas das pedras petrificadas,

Séculos e séculos com forças armadas.


Missionários e invasores,

Pesquisadores sem nomes,

Em nome da ciência e de Deus

Colhem frutos, folhas e flores.


FIM


E, é assim a nossa língua:

Sanöma, ninam, yanomam

Yaroamë, yãnoma, yanomami.


E quem sou eu (?)

Identificado como homem branco

Humano é o que sou?


sbs

sábado, 28 de janeiro de 2023

Coração

Coração


O coração

Um dia é mole 

E, às vezes, 

Se derrete em vão.

Outro dia é duro 

Como metal,

Forjado a marretada 

Para ficar maleável.


sbs