sexta-feira, 31 de maio de 2019

PALHAÇO

Posso sonhar de qualquer maneira,
Que estou sempre ao seu lado,
Mesmo que seja a vida inteira,
Dia e noite sonhando acordado.


Nas noites sou eu e as estrelas,
Brincando de darmos abraços.
Assim, eu posso sentir em tê-las,
Companheiras dos meus enlaços.


Posso mover céus e mundos
E ver seu rosto na face escura da lua cheia.
Posso mergulhar em desejos profundos
E sentir que, a sua alma em meu corpo margeia.


Nos dias em que a luz do sol me abraça.
Aquecendo o meu coração calado.
É quando a lembrança não se despedaça.
E assim, não me sinto desconsolado.


Quero acreditar que o amor ainda existe,
Aqui dentro de mim, aqui dentro de mim...
Quero imaginar que não há uma rua triste,
Dentro de mim, que me impeça de inventar...


Não sou nenhum arlequim
Mas, quero lhe fazer sorrir ou chorar
De tanto rir...
Palhaço que sou?


quinta-feira, 30 de maio de 2019

GÊNESIS CONTEMPORÂNEO 

busco, incessantemente,
a criação de tudo
e como tudo acabou de repente,
do Jardim do Éden ao fim do mundo.


o que fez Adão com a serpente?
amor ou ódio profundo,
ou nada que fosse indecente
entre o homem e o lábio carnudo (?)


maldita é a árvore do conhecimento,
que revelou na paz há guerra,
para o bem ou para o mal.


bendito é o romântico sentimento,
fruto das musas e ninfas na terra,
casa do deus Apolo e da poesia carnal.

terça-feira, 28 de maio de 2019

MALQUERIDO

hoje como o dia está frio
tão frio quanto a sua mente
que demente corre como um rio
rio que deságua incandescente
as lavas de um coração partido
num mar de tempestades


sentimento mais que sentido
diante de tantas inverdades

maldito seja o poeta
que diz o que não faz
louco verme da sarjeta
aqui o seu nome jaz


pense nisso antes do início
ao iniciar o verso querido
pode ser de amor e paz
ou pode ser a queda para o precipício
assim que a vida é às vezes tão fugaz
e outras vezes é a cura para o ferido


hoje como a noite cai
lentamente
e a lua vem e vai
estupidamente
entre as nuvens
que parecem pálpebras
LISONJEAR LISONJEAR

Teu beijo, me trouxe à vida,
Alegria, alegria de um grande amor,
Que cura qualquer dor ou ferida,
Mesmo de uma infernal perfídia anterior.


Hoje, sinto o teu gosto tão doce.
É, como se fosse pra sempre ser.
Pra sempre é tudo como se fosse,
A vida inteira pra se viver.


Teu olhar é o meu maior alento,
É luz que penetra em minha alma,
Com toda a força de um único sentimento...


Assim é todo amor eterno e verdadeiro.
Anseio delirante que envolve e acalma
Pois, não vive pela metade, é sempre por inteiro.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

O QUE HÁ NA ARQUITETURA DA CATEDRAL (?)

Nas paredes do tempo,
Janelinha por janelinha,
Entre os fios sopra o vento...

O que há na entrelinha?

É manter pra sempre o segredo,
Nas arquiteturas do templo,
Entre as ruas da Igreja e do Arvoredo,
Há anjos que eu contemplo.

Entre cada pedaço,
Entre duas linhas,
Há um outro espaço
E outras estrelinhas.

Velinha por velinha...
Uma é do Espírito Santo,
Outra é a minha,
Na luz da poesia e do encanto.

sbs


(sobre a fotografia de Nádia Raupp Meucci - Foto: Catedral. Cúria Metropolitana)

sexta-feira, 24 de maio de 2019

boêmias e literárias

meu viver
é que me faz
ver
o que o outro
de mim
é capaz


sou das noites
infindas
de vida sem regras
regada por vícios
bebidas e amores
vadios 


ouço os poemas
como se fossem
cantos mundanos
de adormecer crianças
sob a luz do plenilúnio
e etéreas estrelas


sinto de tudo
irrompendo o meu mundo
que vem num clangor
como a procela
e seu trom
devastador


meus amigos
se divertem
e eu em versos
invento arranjos
harmônicos das palavras
muito além do som do canhão

quinta-feira, 23 de maio de 2019

VIDA QUE SE SEGUE

O tempo não perdoa,
Talvez uma prece
Pra que a fé não se vá
Ou, quem sabe, apenas admirar
A leveza da borboleta,
Num ziguezaguear.


Vida que se segue

O que passou, passou
Como as estrelas cadentes
Ou como o amor não correspondido.
É que na vida há tantas coisas
Que se libertam e outras que nos prendem,
Como as ilusões...


Vida que se segue

Perdão não perdoado,
Verdades não ditas,
Sonho não realizado,
Mentiras mantidas,
Coração quebrado,
Palavras repetidas.


Vida que se segue

Mas, sempre haverá tempo pra se dizer,
Que a vida vale apena...
Mesmo que esteja no último fio de esperança
Mesmo que seja a última relutância
Mesmo que esteja no último momento da lembrança
Mesmo que seja antes de morrer


Vida que se segue...

segunda-feira, 20 de maio de 2019

As Marcas Do Tempo

Eu vejo
As linhas
Se entrelaçando
Formando
As tramas
Dos movimentos


Eu sei
Que estou
Envelhecendo
Já não preciso mais
Da lupa de aumento
Pra ver o tempo passar


E com o passar
Do tempo
Retoco
O meu cérebro
Compondo
Os meus fragmentos


Eu vejo sem medo
O que as marcas do tempo
Começam a enrugar
Correm como uma tartaruga
Até quem cedo madruga
E Deus não vai te ajudar
Em todos os tempos verbais: presente, passado e futuro

Não tente entrar em meu mundo,
Nem me traga essas coisas...
Essas coisas tolas.


Quanto mais eu me aprofundo,
Menos eu escorrego em superfícies lisas,
Cheias de caramiolas.


Às vezes, vazio de si mesmo.
Outras vezes eu fugindo de mim...
Fingindo em ser ninguém.


Talvez, é porque eu ando a esmo
Ou quem sabe é só mais um fim...
O início pra definir o destino de alguém.


Então, não venha me iludir,
Nem nomes, nem flores, nem seres afins...
Pois, já, ouvi as vozes por dentro a me acudir.


Eram tantos os anjos serafins
E eram poucos os loucos a aplaudir
E eram lúcidos justificando os meios pelos fins

domingo, 19 de maio de 2019

ESBOÇO OU COLÓQUIO AMOROSO:
ENTRE EU E A VONTADE DE OUVIR O SEU SILÊNCIO


Sonho com aquele caminho,
Dia e noite, não há outro lugar...
Quem sabe, utopia de voar sozinho,
Às vezes acompanhado pelo luar...


Sou um sonhador sem domicílio
Sem terra, sem razão, sem mar...
Um louco que se esconde no exílio
Talvez seja a melhor forma de se amar.


É assim que me sinto, só, com ela.
Mas ela não sabe da procela
E do idílio, que ela gera dentro de mim.


O amor é suave e puro como a ciranda...
Minha infância que parece não ter mais fim
E que me inquieta, assim, como manda e desmanda.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

"Existem coisas na estrada que me chamam a atenção!"

Olho por cada
Caminho...
Olho por cada
Destino...


? e me pergunto,
Que fim levou...
Sorte... futuro.
Direção ou rumo.


Existem coisas
Que me chamam...
E, me chamam a atenção.
Estrada. Casa.


Há uma estrada que me leva
Pra casa ou não...
Há uma casa engraçada,
Que me prende o coração.


O meu olhar
Não se cansa,
Nem tem pressa.
Talvez, há uma certa esperança.


O meu olhar,
Que escreve, que me escreve
Como a luz - Fotografia.
O meu olhar que não se perde em vão...


Existem coisas
Que me chamam a atenção,
Coisas na estrada...
É como a alma que se abre.


Existem casas
Estradas
Portas e janelas
E coisas outras


(baseado na Fotografia de Nádia Raupp Meucci)

domingo, 12 de maio de 2019

O Ar De Um Tempo


Eu vejo
Um novo olhar,
Nos diversos
Campos do saber.


Mas, ainda há
O homem
E a sua fera interna,
Tão primitiva - Das Cavernas.


Mas, ainda há
A humanidade
E a sua falta de compreensão
Com a esfera - A Terra.


Será que a realidade
É mais fascinante
Que a ficção
?


Será que a ignorância
É menos dolorida
Que o conhecimento
Da existência.


Eu vejo
Um novo olhar
Nos diversos
Campos do saber


Mas o que a vida faz
Sem a Arte por detrás?
O vídeo. A tecnologia.
Nada passa de uma realidade Virtual (?)


Mas, se não há utopia,
O que será do seguinte dia?
O ideal será fantasiar ou seria...
Ou a esperança é o que ainda há?


Eu vejo
Um novo olhar,
Além desses tempos
Que não há...

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Destino Final
***
Veja
O que
A gente
Sempre

***
Uma
Grande
Parte
Na margem
Pra sobreviver
***
Será
Que já
Não faz
Mais diferença
Por quê?
***

Tanto
desperdício
Restos
& Resíduos
***
Há tanta
Fome
Luxo lixo
Urbano
É alimento
***
Veja
O quê (?)
Pra humanidade
É comum
Assim viver
***
Pensei que tudo seria diferente dessa vez
Pensei que o dia começaria antes do anoitecer
Mas acordei depois das 23
A minha vida é um mar de estrelas decadentes
Só há gente querendo viver até a próxima hora
Pois o resto não interessa depois que amanhecer


Eu quero é dar o fora
Chega dessa de ser vampiro
Sugando ilusões de quem não tem mais sonhos
Eu quero é ver a luz do dia agora
Chega dessa fantasia que logo evapora
Chega de tantos rostos estranhos e falsas histórias


Pensei que nada fosse acontecer
Pensei que a noite fosse o melhor que se tem pra fazer
Mas vi que só enfraquece o meu ser
Minha memória perde a validade
Meu corpo até parece que tem outra idade
E o meu coração não suporta mais


Eu quero é me encontrar
Pra entender o que ninguém consegue me explicar
Estou jogando pra perder
Estou ganhando o que ninguém quer ter
Estou me prendendo a essa multidão
Pra viver no meio da solidão

terça-feira, 7 de maio de 2019

status quo (ante bellum)

Onde vamos cortar na carne?
Quem sabe pegar esse daí (?)
Que não tem nome, nem sobrenome,
Que não vale nada,
Que ninguém vai se lembrar,
Como foi? O que fez?
bye-bye...
Pois não interessa pra ninguém...


É assim que todo mundo faz.
É assim que a vida trata
Quem nem menos tem,
Quem não tem nada demais...
Enquanto muitos morrem de fome,
Poucos comem lagostas e vinhos importados.
Tudo pra manter o poder no status das coisas.
(antes da guerra)


Onde vamos cortar na carne,
Pra patrocinar nosso jantar?
Quem sabe matar de fome,
Esse aí, que tem o nome de Ninguém.
É assim que todo mundo faz,
É assim que a sociedade vê os desiguais,
Numa igualdade que não se desfaz,
Direitos & Deveres em leis artificiais. 


Cadê a revolução?
Vai ser pra sempre circo & pão (?)
Pra manter o status quo
ante bellum
Quem "somos" culpados
Quem são eles?
Quem são os reféns
Quem somos? Livres & Soldados?


sexta-feira, 3 de maio de 2019

Menina-dos-olhos

Toda deslumbrada...
Um olhar bendito
De quem nunca foi maculada (?)


Toda amor
E sobre o lençol,
Eternas vermelhas flores.


Toda vida,
Mais que todo instante,
Pra sempre querida.


Toda sinfonia
Entrelaçando luz das estrelas,
Paixão e felicidade infinita.


Toda doçura,
Sorriso contagiante,
Elevando aos céus, às alturas.


Toda hora,
Lua e sol no fundo d'alma
E, às vezes, gotas de orvalho...



quinta-feira, 2 de maio de 2019

Contemplando o limiar de uma tardinha

O que me encanta,
É o horizonte.
O que há por detrás (?)
Por detrás das linhas,
Nas entrelinhas,
Além desse instante.


Há uma luz de um fim de tarde
Que se vai
E leva qualquer saudade,
Iluminando a noite que vem.
Não há idade para olhar
O que o olhar aos poucos retém.

O que me encanta,
É o limite definido aparente.
Mas, que a mente não se cansa,
Mesmo que haja uma vaga lembrança
Que, se repete no tempo.
E todo esse movimento parece rapidamente lento.

Há uma luz que das alturas avança,
Que vem como luva de seda e se lança,
Abraçando prédio a prédio,
Afastando de vez todo o tédio.
E, como num breve poema envolto em carinho,
Beija a menina do prédio vizinho.

sbs

(sobre fotografia de Leandro Selister)