terça-feira, 28 de julho de 2020

Paciente 01
(Sigmund Freud)
tenho comigo
a imperfeita razão
que permeia
entre meus desejos
e sentimentos
o que me impulsiona
é o que me atormenta
o que me leva à leveza
também me esmaga
com um T maiúsculo
o que me fala a dor
diante do espelho
ou da morte
o que me fala o amor
diante da liberdade
ou sorte
sou desses que anda
flertando com os sonhos
na busca incessante
de uma resposta
mas que não se encontra
na realidade
tenho comigo
outros caminhos
acasos e destinos
entre carinhos
e desilusões
o que me deixa lento
no meio do relento
me leva à reflexão
como vias
que vem e vão

terça-feira, 21 de julho de 2020

A PAZ QUE NÃO DESCOLORE
vem de uma certa inocência
feito beleza inconsciente
como se fosse a própria pureza
que brota no amor e na paz
é como sentir alcançando o impossível
estrelas e infinitos
na liberdade que há
sem desbotar a felicidade
traz o que te faz
da tua existência
pétala por pétala
cor de rosa
amizade solidariedade
desejo afeto
equilíbrio dignidade
útero saudade
calma esperança
harmonia lembrança
alegria sabor
raro forte

(sobre a fotografia de Lucia Guaspari - grupo/facebook: O nosso olhar)

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Do Estômago Pela Boca

Pô...
É?
Tá!
É como saco vazio
Que não para em pé...
Dá um desarranjo.
Pois, se alimenta de muito pouco
E regurgita como louco
O pouco de tudo que ele diz.
E, assim, vem a poesia,
Como vômito,
D'um porre tedioso.
É como a dor no bucho,
Após digerir as palavras que espantam,
Ultrapassando os limites etílicos.
Ah! Eu perdi a poesia

O que não chegou a ser
Pelo que me foi ontem de noite
Ou antes do meu amanhecer
O que me fez sentir
Que nada existiu de mim
Das muitas tentativas que fiz pra me ter
Perdi a poesia naquilo que eu sentia
poesia que se perde
É dor só minha
Há uma certa inquietude
No que não me prende em silêncio
Mas me grita por dentro
Perdi o tempo na hora do tormento
E o que não deu certo
Me deixou em plena agonia
mas em breve
Sempre e tão logo mais
Há de me ter prazer
Há de me deixar na paz e na alegria
Com as secretas coisas minhas
Até o mês que vem
sbs
(sobre a fotografia Rosali Plantz - grupo facebook: O nosso olhar)

domingo, 12 de julho de 2020

Unindo-se Por Si Só

há um lado concreto
sempre em busca
do outro lado abstrato
há uma realidade
adormecida
sempre em busca
de um sonho acordado
há uma face simétrica
sempre em busca
da outra que se assemelha
há uma construtividade
que a outra parte edifica
e que não se divide mais
nem se desfaz
no final
face a face
o corte
na imagem
é apenas

um lado
em busca
da outra verdade

(sobre a fotografia de Janaina de Lima - O nosso olhar)

sexta-feira, 10 de julho de 2020

autorretrato
(o outro eu)

dessa parte que me resta
qualquer porção da minha vaidade
se vai...
é nessa aparência ilusória
que se perde nos olhos dos outros
a minha cara metade
sou eu
na luz escrita
refletida e contida na retina
sou eu
que se veste
de outra parte introspectiva
sou eu
o outro eu
prisioneiro da totalidade
em que nada se parte
diante do espelho do tempo
que me revela outras verdades
é nessa aparência
que tais qualidades
são reconhecidas
sbs
Um indivíduo de si mesmo
uma parte de ti
mergulha profundo
tão claro no escuro
no meio de tudo
olhando o assombro
desse novo mundo
Uma parte de mim
É um grito:
Outra parte é silêncio
Raso e confuso...
outra parte de ti
é semblante infinito
faces criaturas
é rosto querido
caras loucuras
"Uma parte de mim
É todo mundo:
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo..."

(últimos versos do Poeta/Escritor Ferreira Gullar)
(sobre a fotografia de Lala Gheller - grupo do facebook: O nosso olhar)

segunda-feira, 6 de julho de 2020

PIÁ:
Para a recreação
Infantil
Área ao ar livre
sou de uma infância
que andar de balanço
me trazia encantos
como um salto no invisível
como um pássaro voando
sou de uma infância
de brincar na praça
abracadabra
num vai e vem
de um sorriso
de uma graça
sou de uma infância
das lembranças infantis
de um sorrir sem fim
de um amor grátis
de uma vida sem preço
sou de uma infância
engraçada
de até ter medo
mas coragem não faltava
de dar o salto alto
lá do alto do balanço

(sobre a fotografia de Clara Eloisa Ungaretti - grupo "O nosso olhar")
"Onde estão?"
Por onde andam
Os sonhos de crianças
Nos balanços
que não mais embalam
Os voos
Das lembranças
Por onde navegam
Os marinheiros de primeira viagem
Sem o céu pra contemplar
Sem as estrelas pra contar
E o mar
Sem a agitação das ondas
Será que há
Infância perdida
Na confusão confusa
Que mistura
O criador e a criatura
Confundindo o sol e a lua
Cadê a graça (?)
Na praça da solidão
Pandemônio
Pandemia
Por onde andam
Meninos e meninas
Onde estão?
João e Maria
No balanço que sobe e desce
Do chão às alturas
Até a mão que amortece
O coração

(sobre a fotografia de Lena Kurtz - O nosso olhar)

sábado, 4 de julho de 2020

tu vês-te

tu vês-te
em memórias
por entre
caminhos
são teus destinos
que seguem
tão certos
e confessos
tu vês-te
diante do espelho
e o que tu sentes (?)
teus sonhos inteiros
verdadeiro
é o teu olhar
que retém na retina
a infância querida
tu tens te visto
ultimamente
como a criança
que não se prende
tu tens te vestido
de paixão eterna
que sempre está à tua espera
com olhar de esperança
dirás calada
que uma lágrima
não é uma prece
apenas recordação
que tu tenhas-te visto
perdida no olhar de adulta
a criança que tu foste
hoje resgatada pela lembrança

(sobre a fotografia de Eleanara Stein Leitão - grupo O nosso olhar)