igual a um cão
o primeiro amor
foi sem pudor
não havia inocência
e a pouca decência
era a minha nudez
não era vergonha
tão pouco timidez
transar nas esquinas
em noites de lua cheia
poesia talvez
a minha mente era ocupada
de coisas devassas
sem coisas rígidas
animal natural
eu não sei
eu era um cão de guarda
contagiado das minhas ideias e
das minhas idas e vindas
nas encruzilhadas
que me distinguia do movimento da massa
mordia
tão forte
com os meus dentes
caninos
rasgando poemas
e de tão feroz
contra os ritos sociais
civilização e convenções
as pessoas me desprezavam
de tão sadio que era a minha insanidade
diziam por aí
louco selvagem
mas eu nunca fui capaz
de ferir
a dignidade de quem quis ser feliz
o meu primeiro amor
oferecia
a liberdade do sofrimento
nem Deus nem homens
apenas o amor verdadeiro
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