s/t

Tua boca encontra-se com a minha

E como os dois estão sedentos de fome,

Se alimentam um do universo do outro...

 Aprontando

se pinto

se bordo

se passo dos limites

ninguém me leva a sério

o que me resta

é o que me veste

meu verso nu

se faço o que não se deve

se pinto o sete

se vai assim

já disse tudo de mim

o que me sobra

é essa consciência misteriosa

que bagunça os meus sentidos

 Tenho quase toda a certeza do mundo

Tudo isso

De dizer o que sinto

Não vai

Me levar à nada

Pois

Nem levo a sério

É que

É tudo meio engraçado

Meio chato

Achismo

Achado

Incerto

 NÃO SOMOS O CENTRO DE TODAS AS COISAS

Não tenho tempo pra ter ideias

De movimentos que só lutam contra o tempo.

Sou dessa era que só enxerga na atmosfera,

Sem ter medo, sem ter preconceito,

A paz sincera que o amor pode dar.

Não tenho tempo pra ter ideias

Que o próprio tempo esquecerá.

Vou apagar todas as palavras que rimam caladas,

Desses malditos profetas que não dizem nada...

Chega de mentiras que causam úlceras,

Que nos causam dores profundas.

Isso tudo aqui não vai mais passar...

Não tenho tempo pra ter ideias

Que o próprio tempo esquecerá.

Não tenho tempo pra ter ideias

Que o próprio tempo esquecerá.

Essa é a realidade que, em mim, vai sempre estar,

Cheia de versos que atravessam a minha alma,

Deixando o meu corpo liberto de qualquer insanidade,

De qualquer maldade vindo de palavras mudas...

Quem me responderá?

Quem é você que responderá?

Quem me responderá?

Quem é você que responderá?

Quem me responderá?

Quem é você?

Quem somos nós?

 s/t

Ela está tão perto de mim

Me observa pela noite

Enquanto eu fecho os olhos

Pra dormir

É o que eu sinto

Abraçando-me

Seus olhos brilhantes

Como a lua cheia

Iluminam as minhas palavras

Que sopram poemas

É o que eu sinto

Abraçando-me

Ela espera

Até que eu me esqueça

Da sua aparência

Da sua existência

Até que nada mais possa me surpreender

Além do esquecimento

É o que eu sinto

Enquanto adormeço

Em seus braços

Em seus abraços

 REFUGIADO

Pensando no amor como refúgio do meu coração,

Será uma realidade inevitável do meu destino

Ou será apenas mais uma quimera da minha vida?

O coração não sabe pois, não disfarça...

Ele sente mais do que a própria alma.

E é com tanta vontade, que parece eternidade.

É como cada verso que se encaixa no poema

Sem que haja meio-querer.

É o que tem que ser.

Essa é a afirmação da sua existência.

Essa é a persistência do querer,

Como na força do encontro de dois corpos.

O amor não se explica pelo acaso,

Nem se prende ao mais belo...

Às vezes, se atrai pelo sentimento sombrio.

É como acontece para cada um de nós,

Se revela como algo indecifrável.

É como se revela para mim.

E pode estar além do bem e do mal,

Porque uma coisa não existe sem a outra.

A não ser que se deseja estar só pela falta do amor.

 Seja bem-vindo à realidade

Nem vou mais sonhar

Pois, todo o sonho é uma bolha

Que nasce tão próximo da pele,

Como se fosse uma erupção cutânea.

Mas, logo se distancia e desaparece

Em uma fina película em formato de esfera...

É um instante

Que me consome,

Que nem sempre o nome

Pertence ao mesmo rosto

E vice-versa.

E, tão, logo se some...

 NUM SONHO DE LIBERDADE

Já, dei a volta ao mundo...

Até toquei nos aneis de saturno.

Mergulhei tão profundo

Sem ter que prender a respiração.

E, isso tudo num sonho de liberdade.

 Grande Poder

Hoje 'tá tudo assim

Pra pedir qualquer coisa

Tem que pedir

Pra Deus partir

Hoje 'tá tudo assim

Pra pedir qualquer coisa

Tem que pedir

Pra ela parir

Quem é que confia na arte?

No adeus?

Na saudade?

No padre?

Quem é que vai dizer o último amém?

Vista com a sua melhor roupa

E venha me buscar

Velha e doce morte

Talvez seja a minha maior sorte

Cabalisticamente

Pois já perdi a vida 7x

E ainda estou aqui

Tão fraco como forte

É o que diz a minha mente

Essa é a passagem daqui pra frente

Do conhecimento para o conhecido

Pra quem fica e pra quem parte

Enquanto atrás vem gente

Se 3 é a Santíssima Trindade

E se 4 é o quadrado dos quatro elementos

Então sou eu o teu amor perfeito?

Autoconhecimento Sabedoria

Curiosidade Misterioso

Paciente Intuitivo

Místico Equilibrado

 NO FIO DA NAVALHA

não tiras de ti os teus sonhos

nem a tua felicidade

mesmo que a realidade

roube a tua imaginação

não há verdade absoluta

nem mentira que insulta

que possa remover a tua fé

ou prender os teus demônios

todo dia

a esperança é descartada

como prova de vida

como algo que te desafia

então não te surpreendas

com a força do raio

nem com a ofensa das palavras

pois fulminante é só o desespero

e assim vive a coragem

e assim vive o medo

todo o dia

na fio da navalha

 MEUS PROIBIDOS PRAZERES

não volto mais

para o lugar

em que o anjo

esqueceu de mim

volto pra minha casa

lá eu sei o que me espera

além do céu azul

o teu olhar de felicidade

agora eu sei que o amor

é a mais pura verdade

e que todo o nosso mundo

repousa no coração

os encantos da imaginação

nem sempre são o que são

leves e dourados como o beija-flor

em luz de fim de tarde

 AINDA EU SINTO O MEU ESPÍRITO

(canção)

Hoje, eu acordei pensando no que vou fazer.

Mas, não consegui mudar muita coisa.

Parece que a minha vida se repete dia após dia

E eu sei muito bem...

Eu vou tentar mais uma vez, pra me convencer,

Que tudo ainda vale apena,

Nem que seja em um novo amanhecer.

Eu só não posso me esquecer...

Eu não vou roubar de ninguém o caminho da felicidade,

Nem vou fugir do medo ou da verdade.

Ainda eu tenho chances de mudar essa realidade.

Eu só não posso me esquecer...

Hoje, eu acordei com muita vontade pra convencer a minha mente.

Mesmo que eu esteja sozinho em frente ao espelho,

Mesmo que eu esteja só, eu tenho vontade.

Eu não vou quebrar o espelho, nem ficar no meio do caminho.

Eu, às vezes, estou triste por me sentir como qualquer outro dia

Mas, eu não estou com medo.

Ainda eu tenho dentro de mim muita coragem,

Mesmo que a morte esteja por aqui.

Eu estou muito confiante desta vez.

E, eu espero que está noite eu consiga dormir

Pois, ainda sinto a vida bem mais presente,

Mesmo que a morte esteja por aqui.

 Desconhecido Monstro

Surpreendentemente,

Não me surpreendi...

Até ri de mim mesmo

Pois, não há surpresa maior

Que a própria estupidez.

A gente aprende com o tempo.

Mas, leva tempo...

É quando esse dia chega

E se aprochega até demais,

Até que a gente se acha capaz.

É o que surpreende a mente,

Surpreendentemente...

Difícil é o perigo

Que corre admiravelmente,

Trágico cenicamente.

É quando eu entro em cena,

Vestido de palhaço

E pra disfarçar

Eu piso em ovos

Mas, nenhum quer se quebrar...

Surpreendentemente

Tudo é tão espantoso

Diante do assombro

Que um louco, dentro de si,

Busca a sanidade.

A gente é assim,

Tão sínico e tão sério.

Terrivelmente

É o que habita a gente...

Desconhecido monstro.

 eu assim...

sou tão louco

por ti

de tão louco

que sou

eu assim

feliz que sou

por te ter

em mim

 QUALIDADES FÍSICAS OU INTELECTUAIS DE UM ESTAPAFÚRDIO

Como as farsas,

Me disfarço em gracejos.

E de tão ridículo,

Me predomina o baixo nível...

Meu primeiro ato,

Soa tão risível.

Mas, nada além disso

Define o meu salário mínimo...

Coisa estranha

Pois, é tão irrisório.

Esse é o meu produto

Do esforço do meu serviço.

E, é por isso que há gracejos,

Tão grotescos

Como os meus ornamentos,

Tão disformes.

Essa é a minha única imagem,

Verdadeiramente caricata,

Que não se importa com a cara-metade.

Vaidade é não manter a boca fechada.

E qualquer repulsa que se presta,

Ainda assim nenhuma me afeta,

Nem me diz nada...

É que sou assim mesmo, bizarro.

 O Preço

fui ao fundo

até à margem

e

não encontrei

nenhuma verdade

faz de conta

que fiz de tudo

e

que me encontrei

com a realidade

 Expectativa De Vida

não morro de amores

pois, tudo é breve.

mas, tenho na esperança

a coisa improvável que me nutri...

que ilusão?

que fé?

que virtude para em pé?

sorte e sucesso

ou qualquer manifesto à felicidade.

quem é que sabe?

quem é que vê como possibilidade?

amar é viver!

não morro de amores

pois, não tenho tanta afinidade com a caridade.

mas, há sempre uma probabilidade

pra insinuar ou pra prometer.

 Coração Resoluto

volta pra mim

tudo aquilo que não vive mais...

não me conte

que se perdeu do caminho

do meu caminho

do seu...

só eu é que sei

do que eu já nem sei demais

se há estrelas

ainda penduradas

por que elas não caem

em meu desespero profundo?

volta pra mim

coração resoluto

 Entrevista

Tenho vivido tragédias

Tenho abraçado sorrisos

Tenho inventado ideias

Tenho me permitido

E tenho tido tantas outras possibilidades

Tenho poucos amigos

Quase nenhum

Um que às vezes me chama...

Outras vezes vive escondido

Mas de verdade há tantas mentiras

Entre os olhares permitidos

Tenho assistido a crimes

Tenho ouvido acontecimentos factuais

Tenho desistido de amores astrais

Tenho me perguntado numa linguagem informal

Tenho tido coragem quando o sentimento é artificial

Tenho muitos sonhos

Muitos são tolos

Outros nem tanto entre outros

Apenas sonhos irreais

Monólogos colóquios

Ou mais...

 miudezas de toda a sorte

tenho de tudo um pouco.

mas, o que me falta mais

é o conhecimento

consciente de um louco.

 217

fui até a casa do poeta

com a mente aberta

mas o que vi

foi um quarto fechado

num silêncio sepulcral

talvez seja assim

que nascem as ideias

pra canção poética florescer

essa é a verdadeira face

entre o sonho e a realidade

visão quimérica

imagem assustadora

esquálida

que se modela

verso & prosa

que não se define

como a coisa mais bela

pois beleza eterna não há

mas que ficará pra sempre

na mente

na imaginação

como a frágil pétala

fortaleza da ilusão

fui até a casa do poeta

no quarto

quadros pendurados

livros e jornais

havia uma máquina de escrever

um lápis uma caneta

e papéis

cheios de palavras certas

escritas em linhas tortas

sem a modernidade

sem a interface

sem o poeta

 Impulsos Nervosos

vago

como um vagabundo

vaga-lume pela noite

iluminando

caminhos imundos

e sonhos distantes

sustento

o corpo humano

com velhacos neurônios

alguns levam a vida no ócio

e outros vadios

são pirilampos

 é na lata

vou urinar

no primeiro poste

como um cachorro

sem sorte

já perdi

o último transporte

e tou bêbado mesmo

sem sul sem norte

agora é vomitar

a doce palavra morte

já tou no caminho

pois a vida é só um transporte

apenas eu

tanto fraco como forte

já perdi a elegância

e na face mais um corte

 ANDO SEMPRE PELO MESMO CAMINHO

EM PLENA NOITE ESCURA

Como eu fujo da realidade.

Como eu finjo que é verdade.

Como eu penso o que será de mim...

Se há um pingo de vergonha,

Que seja no meio da insônia

Pra ninguém me ver sentir...

Como eu acredito no sonho.

Como eu sonho com o que eu nunca vou ter.

Como é fácil sonhar com as estrelas fixadas no teto...

Se há uma gota que caia nesse deserto,

Que seja na ponta da minha língua

Pra matar essa vontade...

 s/t

bem-vindo à selva

carniceiro

cada degrau

cada arranha-céu

não eleva ao paraíso

nem lhe torna justiceiro

é aqui o inferno

cada pedra

cada catedral

levou mais uma alma

e muito dinheiro

 Desgraça pouca é bobagem

Tem me dito o dito popular

Desgraça pouca é bobagem

Mas de mim é algo que sempre fez parte

Coisa como um até logo goodbye

Talvez essa seja a minha sorte

Quanto mais pior é melhor ainda

É o tal de poço que não tem fundo

É um final de túnel que nunca chega ao fim

Tenho seguido por esses caminhos

Que de espinhos é o que mais têm

Mas já me acostumei com a falta de luz

Pois nem enxergo os meus pés nus

Tudo faz sentido para um desgraçado

É como perder o emprego e logo ser assaltado

Nada mais me surpreende como todo o poema

Que de tanto encorpado é um pé-no-saco

 SER, VIDA, CRIATURA...

Quantas vezes, perdi a alma humana

E fiz da minha mente a arma mais insana.

Delírios mil

Sentidos em todo o meu corpo.

Carne e osso sem anima.

Me vi caindo lentamente

E tão vazio como a lágrima, de repente...

Quantas vezes a minha alma vagou perdida,

Numa agonia de suicida,

Em busca do nada.

É como se o meu corpo estivesse morto,

Visto de um plano superior.

Alma danada

Vai deixando pela madrugada,

Dia a dia, meus fantasmas.

Alma perdida

Que corta o meu coração.

Venha de volta e me traga a luz.

Confessa o que sente

E novamente habita a sede dos sentimentos.

Morrer... perder as esperanças.

Dar a alma ao diabo, não é eterno.

Desejo que não estranhe e venha com ânimo,

Venha dar novo alento, nova vida,

Venha e me possua ardentemente.

Venha Ser Vida Criatura

Da minha psique.

 HÁ UMA ESCADARIA PARA ACESSAR O ESPAÇO

Por uma noite em que o céu esteja estrelado,

Quero alcançar a imensidão do impossível.

Até que eu sinta o toque do que é mais sagrado,

Sei que terei a benção desses eternos astros...

 Eu gosto daquele olhar...

Eu gosto daquele olhar

Que parece estar perdido.

Mas, perdido não está.

Está, apenas, olhando pra dentro...

Pra dentro de você.

Eu gosto daquele olhar

Que olha a passagem do tempo.

E que parece não ter medo,

Nem um medo do medo que há,

Além da coragem de viver.

Eu gosto daquele olhar,

Que não aparece no destino,

Que não revela os próprios caminhos,

Que não se esconde do acaso,

Que não espera um outro olhar.

Eu gosto daquele olhar,

Que me faz lembrar,

Que não há mistério.

Mas, que me é estranho.

É como se fosse me acordar dentro de um outro sonho...

 lição

a minha maneira de ser

nem sempre me veste

às vezes prefiro o silêncio

não sou praticante de nudismo

é que quando me despido não me despeço

e ali fico

me sentindo

apenas mais um verso

que pensa que a alma é o poema

e o corpo não passa de objeto

 compondo ela comigo

jogo tinta na tela

e algo se cria

ideia minha

inventar

a fera

é como a vida concebida

daquilo que não se espera

mas que um dia

se transforma

como novo

até parece pacto

como se fosse antigo amor

 miseráveis

por mais que tento

não me convenço

não há motivo que me motiva

e qualquer iniciativa

é perda de tempo

me junto a qualquer descarte

pois rejeito essa humanidade

mais pela falta de amor

pela fome e pela dor

que nos habita

já andei junto com os meus pares

por isso continuo sozinho na cidade