Bicho Louco
Há coisas que nem o meu reflexo consegue revelar,
Quando me olho cara a cara no espelho,
Não vejo a minha outra cara-metade.
Mas, também, nem eu quero uma outra parte.
Se é pra ter, que seja por inteiro.
Que seja de verdade. Que eu possa tocar.
Chega de inventar...
Eu, já, me reinvento todos os dias. Um dia é a mesma coisa:
Acordar cedo, tomar um banho, trocar de roupa,
Combinar o azul com o vermelho...
E num outro dia a situação é critica: eu não quero acordar,
Nem tarde, nem tomar banho. Eu não quero combinar, nem o branco com o preto.
E, assim eu saio perdido do meu par...
Eu sei, muito bem, dessa minha individualidade
Que não é nada fácil e não agrada a ninguém.
Eu sei que não há novidade na minha vida social.
Mas, quem sabe eu esteja um dia nas páginas de um jornal,
Com a cara estampada numa crônica policial
Ou talvez, sorrindo cinicamente ao lado de um político corrupto.
Se tudo é possível, até mesmo eu virar um bicho louco
E escrever no final uma poesia de cunho antissocial.
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