ENTRANDO NA VIDA

Abri nenhuma porta

E mesmo assim a luz entrou.

A alma quando se importa,

Ilumina até o coração que se fechou.

Não há dor que mais corta,

Tão profunda, o verdadeiro amor.

Tudo e somente tudo ele cura e suporta

Como um anjo apaziguador.

Senti, de novo, na força que acorda

O toque de uma doce palavra:

Vida. É o que me nutri e me transborda.

É como se tocasse no eterno

E se dissesse ABRACADABRA,

Pois tudo é antigo e nada é moderno...

 LÁ VAI NÓS DOIS

Tu sabes

Como é pobre

Não ter a coragem de seguir em frente?

Tu sabes

Como é nobre

Ter medo do perigo que te levas na corrente?

Nada é tão fácil

Quando o chão não fica embaixo

Tudo é tão difícil

Quando é só abrir o paraquedas

Tu sabes

O que cai na contradição

É um pulo que dificulta na relação

Tu sabes

Que a razão nem sempre combina

Nem com o coração nem com a batina

Não há paraíso além do precipício que há.

Será que há verdade em tudo isso?

33 é a idade de Cristo...

E os meus demônios são os teus anjos caídos.

 ESTE SOU EU QUE AINDA NÃO MORREU

A única coisa que sinto,

Não tem preço

Pois, suei muito pra ter...

Não ganhei de ninguém,

Não custou um vintém.

Apenas, tive que sobreviver.

Aquelas lágrimas,

Aquele breve sorriso

E outros tantos perigos...

Sempre há alguma coisa que te faz sofrer,

Que bate e te deforma.

Mas há uma força maior que te faz reerguer.

Essa é a minha vida,

Um pouco de liberdade

E outras vezes como um beco sem saída.

Mas, nunca dei por vencida.

Mesmo em linha reta ou em uma curva perdida,

Segui no caminho...

Agora eu sei,

Como vale apena viver

Sem ter que deixar de ser.

 Só o tempo dirá (pra sempre)

Diga-me,

O que tu estás a pensar?

Até fiz um cartaz...

És tu o meu primeiro

E único amor.

Há uma distância entre nós

Que se espalha pela noite inteira.

Mas, sei que tu estarás no mesmo lugar,

Como a mais brilhante estrela.

E, eu aqui...

Pensando em um dia te encontrar.

 O QUE ME CONTAGIA?

Transito pela vida

Muitas vezes esquecida

Mas quando me lembro

Tem até um verso

E confesso

Nem tudo está ali

É um pouco do resto

Que me resta

Do início ao fim

É meio desbotado

E não tem dois

É um só

Coisas do meu passado

Que até me faz sorrir

Mesmo não sendo engraçado

Me contagia

Ou é de noite ou é de dia

É como olhar pra lua cheia

E lembrar

Que ainda há

Um certo brilho

Em meu olhar

 DESENCANTO

Me encanto

Com a fuligem

Com o esgoto a céu aberto

Com a ferrugem

Com o lixo e todo o resto

Me encanto

Com o cano de descarga

Com a fumaça branca

Com a poeira tóxica

Com toda essa desgraça

Me encanto

Com o podre que é o homem

Com o nome que ele tem

Com a mãe e com o pai

Com mais ninguém

 Poesia

minha de cada dia

Tão suja

Quanto a minha

Cara limpa

Que pede esmola

Só com o olhar

 PORRANENHUMA II

Desesperados

São os meus pensamentos vadios

E eu

Fodido e mal pago

Fugindo

E fingindo

Não me satisfaço

E mesmo assim

Esses malditos demônios

E outros diabos

Roubam de mim

Os melhores prazeres da carne

Meus deuses

Eu tenho alma

Seus filhos-da-puta

Que nem eu consigo comer

E

Querem que eu tenha fé

Se

Nem a Esperança

Aquela mulher

Me quer

 Estou Por Dentro

não me preocupo com o tempo

até faço silêncio pra ouvi-lo passar

já tive momentos desesperador

agora me vejo no espelho

com olhos de vida eterna

não me esqueço do passado

mas não utilizo como espelho retrovisor

já fui meio louco e sempre correndo atrás

agora o que me estimula não tem hora

apenas quero saber das boas-novas

então

não me diga

jamais

tenha

tudo

como lucro

na alma e no corpo

mas o melhor

ainda é ter amor e paz

 TRANSFORMA

Falo de mim

Pra ti

E é tudo parecido

Como se nada fosse dito

Até parece fazer

Alguma diferença

Quando o sentido se desfaz

Num breve sorriso

Ou em lágrimas

 EU JOGO MAL COMO QUALQUER OUTRO

Eu escolho sonhos impossíveis,

Como aqueles que parecem ser simples.

Não há mantra,

Nem palavra mágica...

ABRACADABRA

Não há feiticeiro,

Nem cartomante

Ervas e linhas da mão...

Só há a realidade por detrás da cara-metade,

O resto é resto como qualquer ilusão.

Difícil é entender o que de fato faz sentido.

E que sentido faz?

Fácil é agarrar na primeira oportunidade

O que deixa sem sentido.

Como o vício traz.

 PORRANENHUMA

Das loucas ilusões

Que me fodi

Eu amei a pior delas

Tanto que eu me iludi

Me acabei

Sem ter tido uma transa com ela

 ME IGNORE MAS NÃO ME CENSURE

Enquanto os meus olhos piscam,

Meu pensamento navega em outro mundo.

E o que eu vejo lá dentro, me leva pra tanta besteira...

São coisas, às vezes, tão, pequenas.

E, outras vezes, também, de uma vida inteira.

Talvez seja essa a loucura mais verdadeira.

O que me diz a vida (?)

É o que está escrito na lápide de um poeta maldito...

Enquanto os meus olhos piscam,

Há um mergulho tão profundo

Que me faz pensar em décimos de segundo,

Como se nada existisse além de uma epígrafe.

 chão esburacado

comecei por onde não deveria ter começado

mas já era tarde

então

escavei mais e mais

até chegar do outro lado do mundo

nada de olhos puxados

nem havia a força gravitacional do inferno

e o céu não estava de cabeça pra baixo

se

tivesse pensado antes

não escolheria desenterrar os meus próprios pecados

deveria ter continuado vivo

agora estou morto de cansado

e nada adiantou

o mundo todo continua quadrado

e a terra é uma esfera sem lados

 Este eu...

Por que ando assim

Pensando a todo o momento

Penso na humanidade

Penso em Deus

Penso na mulher que me distrai

Penso tanto até que me esqueço de mim mesmo

Não me surpreendo mais

Ou tudo é mais ou tudo é menos demais

Que andar é esse

Quase em segredo

Querendo que alguém me veja

Que ninguém saiba de mim

Quanto tempo

Qualquer sentimento

Não me surpreendo mais

Ou nada me prende ou nada me satisfaz

 UM MINUTO DE SILÊNCIO

adoro o que me encanta

como as flores num jardim

adoro até o que me espanta

como olhar pra dentro de mim

às vezes

me surpreendo

com a pétala

como algo tão frágil

tem mais força

que um perfeito verso

de amor

outras vezes

quase adormeço

fecho os olhos

e me vejo por dentro

coração batendo

mente aberta

e alma tomando conta

adoro o que me encanta

e até o que me espanta

adoro ouvir sob a luz da manha o canto dos pássaros

e até no cair da escuridão completa o lobo uivar dentro de mim

 ENQUANTO OS MEUS SAPATOS AGUENTAREM

meus caminhos são sempre os mesmos

e são iguais aos caminhos que tantos outros assim como eu andaram

às vezes perdidos e outras vezes andarilhos de um único caminho sem que haja um destino certo

sou eu

e meus caminhos

sou eu

no meio de tantos acasos em busca de um novo sentido

do mesmo e velho destino

meus caminhos são sempre os mesmos

e são iguais por onde passaram poetas, loucos, famintos e desiludidos

todos assim como eu perdidos de si mesmos em busca de um novo abrigo

sou eu

e meus caminhos

sou eu

no fim e no início como se andasse em círculos

a espera que algo novo possa um dia me acontecer

 Enganador

Eu duvido da minha tristeza,

Que anda imersa em meu poema,

Que tanto me segura pra ser a sua presa.

Eu duvido com toda a certeza...

Se eu sigo o meu verso num dilema,

Eu crio outros caminhos confusos.

E a cada passo eu vejo tantos intrusos

Querendo modificar o meu sistema.

Esse é o meu universo incompleto,

Que navega em plena transformação,

Verso a verso de amor repleto,

Paralelo a minha doce ilusão.

Eu duvido até do meu sorriso,

Que tem os dentes quase escondidos.

No espelho um jeito meio impreciso,

Em busca de tantos sonhos perdidos.

 Suspiros

(ares de felicidade)

é num certo momento

que eu sinto dentro do meu peito,

sem medo, sem solidão,

sem qualquer preconceito,

uma força gritante por libertação.

e eu digo ao meu falso poeta,

que nem tudo é disfarce da minha imaginação...

há uma luz que me completa

e que vive nas profundezas do meu coração.

razão de toda a minha vida inquieta.

ares de felicidade

é como uma ampulheta,

que vira e mexe com o tempo,

como se fosse medir o desejo

em grãos de areia.

se todo o sonho é a mais pura verdade,

se todo canto que seduz é de sereia,

se todo amor é por inteiro e não pela metade,

se todo encanto é a meia-noite e meia,

é porque sempre há nos suspiros ares de felicidade.

 DAS DELIRANTES PAIXÕES

Das delirantes paixões

Que tive

Nenhuma me tirou o sono

Como a que senti

Na última vez

Foi algo

Tão alucinante

E extremamente

Luminosa

Como se fosse mil estrelas cadentes

Ri

Por sentir o que senti

Amei devagarinho

O que era breve

Como as coisas boas da vida sempre são

Essa paixão

Me tomou inteiramente

E até me causou febres

Como acontece

Quando ataca os batimentos do coração

Não havia nenhum

Senão

Quando se vive em um mundo

Único

Das delirantes paixões

 É A MINHA IMAGINAÇÃO OU TALVEZ EU NÃO QUEIRA REALMENTE SABER QUEM EU SOU

Eu olho pra você e tento entender

O que nós fizemos

E o que deixamos de fazer.

Você entra dentro do meu ser

E tenta me compreender.

Talvez seja eu que não enxerga.

Talvez seja eu que tem toda essa pressa.

Eu olho pra você e finjo que nada vejo

O que eu fiz e o que eu deixei de fazer.

E mesmo assim você tenta me dizer,

Que há coisas na vida que ainda vale apena viver,

Além do que se pode ter.

Talvez seja o que eu ouço do que os outros pensam de mim.

Talvez seja a minha falta de interesse em não saber lhe ouvir.

A culpa é minha e de mais ninguém...

A culpa é de quem?

Eu olho pra você e tento me entender...

O que eu fiz por você

E o que eu deixei de fazer.

A culpa é minha e de mais ninguém.

A culpa é de quem?

 OUÇA O TEU SILÊNCIO

Te digo meu amigo

Ouça o teu silêncio

Pra que a vida tenha mais sentido

E não fuja do abismo

Mesmo que a queda seja inevitável

Confrontar os teus fantasmas

É o maior salto para o diálogo

És tu contigo mesmo

É como estar diante do espelho

Entre dois desconhecidos

Um grita mais que tudo

E o outro diz bem baixinho

Um quase nada

Te digo meu amigo

É no teu silêncio que é possível

Ouvir as estrelas pulsarem

Sentir o poema atravessar à tua alma

Tocar no desejo sem atropelar o encanto

Ver o despertar da flor

Como se fosse o amor-perfeito

É no teu silêncio

Que o anjo aparece

Que o cavaleiro te protege

Que a mãe-natureza aquece o teu coração

É no teu silêncio

Que tu dizes

 ALGUÉM OU ALGO EU SEI QUE EU VOU DEIXAR PRA TRÁS

Por que eu sinto tanta saudade,

Se eu ando sempre sozinho

Sem deixar pra trás,

Entre tantos caminhos,

Amores demais.

Eu venho seguindo assim,

Escrevendo os meus sonhos

E apagando os caminhos.

Talvez seja esse o principal motivo,

Sentir de mais do que eu sinto.

A saudade

Ela vem

E ela vai,

Viajando por tantos destinos

E pairando em algum esconderijo.

Ainda eu vou superar

Essa dor,

Essa coisa minha,

Essa luz tremula,

Essa triste doçura.

 Numa Imensidão inCompleta

Esses caminhos,

Alguns têm pedras

E outros têm trilhos.

Às vezes em linha reta

E outras vezes curvilíneos.

É assim que se segue na vida...

Às claras. Às cegas.

Não há portas, nem janelas.

Mas, é como a solidão

Numa imensidão completa.

E sempre há as frestas

Para o vento passar

E soprar em nossos ouvidos

Como nos guiar

Nas idas e vindas.

Antes, nós estávamos livres

Como as multidões inquietas.

Agora, nós estamos presos

Como os corações apaixonados,

Numa imensidão incompleta.

 EXAMINANDO DETALHADAMENTE A MIM MESMO

O que eu fiz de mim

Pra minha vida andar sozinha?

Será que foi o caminho que segui

Entremeado em fantasias.

Talvez, viver assim mergulhado

Nas profundezas d'alma

Descobre-se que, às vezes, ela está vazia.

Enquanto isso o tempo me castiga,

Revelando nas linhas

As marcas do dia a dia.

O que eu não fiz pra mim

Certamente eu tenha feito pra alguém,

A bondade do querer bem

Ou a maldade do que mal tem.

É difícil saber o saber.

É preciso encontrar os próprios erros

E acertá-los de uma vez.

É fácil apontar o dedo em riste

Pra quem não se sabe quem

Ou para alguém que eu conheça muito bem...

Eu sei,

de mim mesmo,

tão pouco.

E,

já, é muito

pra saber.

 Como é possível saber (?)

Sinto a minha dor

como se fosse a maior dor

do mundo.

Mas, a minha dor é tão pequena

diante da dor dos outros.

Afinal de contas,

há dor maior ou menor

diante do que cada um sente?

E se sente a mesma dor

ou dor desigual...

não há como medir a dor de cada um

pois, cada um sente a sua dor

de forma diferente.