terça-feira, 21 de setembro de 2021

 miudezas de toda a sorte

tenho de tudo um pouco.
mas, o que me falta mais
é o conhecimento
consciente de um louco.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 217

fui até a casa do poeta
com a mente aberta
mas o que vi
foi um quarto fechado
num silêncio sepulcral
talvez seja assim
que nascem as ideias
pra canção poética florescer
essa é a verdadeira face
entre o sonho e a realidade
visão quimérica
imagem assustadora
esquálida
que se modela
verso & prosa
que não se define
como a coisa mais bela
pois beleza eterna não há
mas que ficará pra sempre
na mente
na imaginação
como a frágil pétala
fortaleza da ilusão
fui até a casa do poeta
no quarto
quadros pendurados
livros e jornais
havia uma máquina de escrever
um lápis uma caneta
e papéis
cheios de palavras certas
escritas em linhas tortas
sem a modernidade
sem a interface
sem o poeta

sábado, 18 de setembro de 2021

 Impulsos Nervosos

vago
como um vagabundo
vaga-lume pela noite
iluminando
caminhos imundos
e sonhos distantes
sustento
o corpo humano
com velhacos neurônios
alguns levam a vida no ócio
e outros vadios
são pirilampos

 é na lata

vou urinar
no primeiro poste
como um cachorro
sem sorte
já perdi
o último transporte
e tou bêbado mesmo
sem sul sem norte
agora é vomitar
a doce palavra morte
já tou no caminho
pois a vida é só um transporte
apenas eu
tanto fraco como forte
já perdi a elegância
e na face mais um corte

 ANDO SEMPRE PELO MESMO CAMINHO

EM PLENA NOITE ESCURA


Como eu fujo da realidade.
Como eu finjo que é verdade.
Como eu penso o que será de mim...
Se há um pingo de vergonha,
Que seja no meio da insônia
Pra ninguém me ver sentir...
Como eu acredito no sonho.
Como eu sonho com o que eu nunca vou ter.
Como é fácil sonhar com as estrelas fixadas no teto...
Se há uma gota que caia nesse deserto,
Que seja na ponta da minha língua
Pra matar essa vontade...

terça-feira, 14 de setembro de 2021

 s/t


bem-vindo à selva
carniceiro
cada degrau
cada arranha-céu
não eleva ao paraíso
nem lhe torna justiceiro
é aqui o inferno
cada pedra
cada catedral
levou mais uma alma
e muito dinheiro

 Desgraça pouca é bobagem

Tem me dito o dito popular
Desgraça pouca é bobagem
Mas de mim é algo que sempre fez parte
Coisa como um até logo goodbye
Talvez essa seja a minha sorte
Quanto mais pior é melhor ainda
É o tal de poço que não tem fundo
É um final de túnel que nunca chega ao fim
Tenho seguido por esses caminhos
Que de espinhos é o que mais têm
Mas já me acostumei com a falta de luz
Pois nem enxergo os meus pés nus
Tudo faz sentido para um desgraçado
É como perder o emprego e logo ser assaltado
Nada mais me surpreende como todo o poema
Que de tanto encorpado é um pé-no-saco

sábado, 11 de setembro de 2021

 SER, VIDA, CRIATURA...

Quantas vezes, perdi a alma humana
E fiz da minha mente a arma mais insana.
Delírios mil
Sentidos em todo o meu corpo.
Carne e osso sem anima.
Me vi caindo lentamente
E tão vazio como a lágrima, de repente...
Quantas vezes a minha alma vagou perdida,
Numa agonia de suicida,
Em busca do nada.
É como se o meu corpo estivesse morto,
Visto de um plano superior.
Alma danada
Vai deixando pela madrugada,
Dia a dia, meus fantasmas.
Alma perdida
Que corta o meu coração.
Venha de volta e me traga a luz.
Confessa o que sente
E novamente habita a sede dos sentimentos.
Morrer... perder as esperanças.
Dar a alma ao diabo, não é eterno.
Desejo que não estranhe e venha com ânimo,
Venha dar novo alento, nova vida,
Venha e me possua ardentemente.
Venha Ser Vida Criatura
Da minha psique.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

 HÁ UMA ESCADARIA PARA ACESSAR O ESPAÇO

Por uma noite em que o céu esteja estrelado,
Quero alcançar a imensidão do impossível.
Até que eu sinta o toque do que é mais sagrado,
Sei que terei a benção desses eternos astros...

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 Eu gosto daquele olhar...

Eu gosto daquele olhar
Que parece estar perdido.
Mas, perdido não está.
Está, apenas, olhando pra dentro...
Pra dentro de você.
Eu gosto daquele olhar
Que olha a passagem do tempo.
E que parece não ter medo,
Nem um medo do medo que há,
Além da coragem de viver.
Eu gosto daquele olhar,
Que não aparece no destino,
Que não revela os próprios caminhos,
Que não se esconde do acaso,
Que não espera um outro olhar.

Eu gosto daquele olhar,
Que me faz lembrar,
Que não há mistério.
Mas, que me é estranho.
É como se fosse me acordar dentro de um outro sonho...

terça-feira, 7 de setembro de 2021

 lição

a minha maneira de ser
nem sempre me veste
às vezes prefiro o silêncio
não sou praticante de nudismo
é que quando me despido não me despeço
e ali fico
me sentindo
apenas mais um verso
que pensa que a alma é o poema
e o corpo não passa de objeto

 compondo ela comigo

jogo tinta na tela
e algo se cria
ideia minha
inventar
a fera
é como a vida concebida
daquilo que não se espera
mas que um dia
se transforma
como novo
até parece pacto
como se fosse antigo amor

 miseráveis

por mais que tento
não me convenço
não há motivo que me motiva
e qualquer iniciativa
é perda de tempo
me junto a qualquer descarte
pois rejeito essa humanidade
mais pela falta de amor
pela fome e pela dor
que nos habita
já andei junto com os meus pares
por isso continuo sozinho na cidade

domingo, 5 de setembro de 2021

 Onde está o teu poeta?

Está fazendo dieta
Pra economizar no verso
O preço da palavra certa.
Onde está o teu poeta?
Está gozando da vida,
Como se fosse esperma,
Pra dar mais orgasmos.
Onde está o teu poeta?
Está dando saltos
Cada vez mais alto
Pra cometer excessos lunáticos.
Onde está o teu poeta?
Está dentro do palhaço
Pra esconder a lágrima que escorre
Quando não há nada engraçado.
Onde está o teu poeta?
Está tão próximo... mas tão próximo,
Aproximadamente,
Que toda a distância é a mesma distância de estar ao teu lado.

 TIRAM AS MÁSCARAS DAS CARAS E COROAS

não há luz que se faça
quando o palhaço não tem graça,
quando o feiticeiro não tem varinha mágica...
não há luz que se faça
quando o poeta não diz da sua própria desgraça,
quando a mulher quebra o salto e perde a prática...
não há luz que se faça
quando o beijo não enlaça,
quando a dor é por falta de ginástica...
não há luz que se faça
quando ela nem disfarça,
quando o defeito vem de fábrica...
não há luz que se faça
quando não há pesca nem caça,
quando a ponta não é esferográfica...

 Mas quem é esse sujeito?

O meu poema não deu certo.
não havia versos que funcionassem,
nem com o tempo do relógio.
nada ali cabia,
nem contagiava o mais incerto
de pensamento concreto.
estava vazio de amor
e cheio de sentimentos controversos...
o casamento já deu divórcio.
não havia ninguém pra me dizer,
nem sócio, nem advogado.
era eu e o próprio diabo.
foi a primeira e única vez
que me elegi conhecedor de mim mesmo.
chega de conversar pela noite sozinho como se fosse dois.
agora e qualquer coisa que eu possa ter em mente,
vou deixar pra outro louco, de carne e osso, analisar,
antes de colocar toda essa porra no papel higiênico...

 ELA COM A VIDA

e lá vai ela
que parece viver
a vida eterna
mulher misteriosa
de tão bela
carrega pétalas
de rosas
ornando os cabelos
como se fosse uma auréola
e lá vai ela
que segue pelas ruas
de pés descalços
como se estivesse flutuando
enfeitiçando olhares
e encantando demônios
lá vai ela passando por cima de imperadores
como se estivesse desviando
das breves paixões selvagens
e lá vai ela
com esperança
e tanta liberdade
mulher que funde
minissaia e primavera
luz e glória
amor profano
dignidade
e desejos insanos

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

 Perdeu o juízo Achou o louco

Aponta o revólver
Calibre 38
Pra têmpora
Engatilha o cão
E logo se ouve o som
Do disparo
Um projétil feito de papel
Contém impresso um pequeno verso
Cheio de palavras que causam impacto
Palavras que destroem os neurônios
Palavras que arrebentam os nervos
E calam as desilusões do mentecapto

 Perdeu o juízo Achou o louco

Aponta o revólver
Calibre 38
Pra têmpora
Engatilha o cão
E logo se ouve o som
Do disparo
Um projétil feito de papel
Contém impresso um pequeno verso
Cheio de palavras que causam impacto
Palavras que destroem os neurônios
Palavras que arrebentam os sonhos
E calam a mente do mentecapto

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

 ANDO TÃO VAGO

tão doce
como um beijo-poema
que lambe os versos
e derrete as estrelas
tão belo
como uma lua cheia
que ilumina a minha alma
e a minha vida inteira
tão suave
como um céu diáfano
que me deixa transparente
e desocupado

 DELICADEZA FODIDA

fodam-se meus queridos amigos
trago-lhes perfumadas rosas
em uma coroa pra todo o finito
fodam-se meus gentis senhores
e não me digam que me amam
pois amar é algo tão difícil
fodam-se meus eternos conhecidos
tão próximos como todos os inimigos
e tão falsos como os desconhecidos
fodam-se meus amores perdidos
achei demais e me encontrei num abismo
será que é por isso que digo tudo isso?

 miseráveis besteiras

usam das minhas palavras
pra depois jogarem em mim
como miseráveis besteiras
junto tudo isso pra transformar
em belas e coloridas borboletas
é o que sinto pra uma vida inteira
mal sabem eles que vivo disso
de jogar conversa fora
e de viver pela minha entrega
é o que sinto pra uma vida inteira
como miseráveis besteiras
é a vontade das minhas palavras

 fome de cão

meus pensamentos coloridos
navegam pelas memórias
e desembarcam em imagens
primitivas que me devoram

 MAUS ESPÍRITOS

Pegou fogo no paraíso.
Todos em chamas.
No fim,
Não sobrou nenhum...
A gárgula que vigiava de cima
Da igreja gótica,
Subitamente,
Sobrevoou no escuro da noite...
Ela jamais dormia
E estava sempre de olho...
Mas, desta vez se permitiu a outros encantos.
E anjos caídos elevaram às alturas do templo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

 O CRIADOR DE LEÕES

(matando um leão por dia)
A criatura come os meus sonhos
De louco eu só tenho os meus demônios
A minha vida não tem testemunha
Eu mesmo é que declaro a minha culpa
E faço justiça condenando a consciência
Essa é a liberdade que mais me aprisiona
Não sou de lavar as mãos nem de dar a outra face
Mas quando elas sangram não há disfarces
Meu nome pouco me identifica
E nunca está na lista de quem lucra
O que de fato me estimula nessa vida
É ter a certeza que não haverá outra pior ainda