domingo, 29 de abril de 2018

CONTÊINERES DE LIXO
(mais uma condição pra se viver na rua)

impacto!
ora compaixão,
ora repressão.
decifra-me
que te devoro
entre vários corpos.
O que há
dentro da boca da esfinge,
Além dessa qualidade imunda de vida?
há só cascas e restos...
pó de café, erva-mate
e papéis sujos.
há de tudo um pouco,
sobras de comida...
...resíduos orgânicos
e há todo o restante da cidade,
que vem e que vai do Centro até o Bom Fim
pra dentro do que será de mim.
é somente o que será de mim...
enquanto o Moinhos de Vento gira,
são tantos contêineres girando por aí
o que há dentro da boca da esfinge,
é o que não quer salvar... o que será?
um Menino Deus ou uma Santa Cecília.
será que há uma travessia
por onde eu ando sem pressa...
um Rio Branco que não passa na Floresta.
será que há uma trégua
na ponte da Azenha...
Farroupilha ou Independência.
será que Santana era Santa Ana,
um lugar da minha infância
ou da minha mendicância?
o que pode mudar quando se vive nas ruas,
sendo engolido pelas bocas de contêineres
à procura de alguma esperança?
(sobre a fotografia de Fernanda P Pedroso - treisticidade)

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