MAIS PRO SUL DO PORTO DOS CASAIS

Eu
Sou
Do Sul

Tão próximo das geleiras.
Aqui em noites invernais,
É preciso acender fogueiras
Pra aquecer o coração cru
Das paixões caseiras.

Eu sou do sul,
Tão perto de ti
Aqui se fala tu...

Eu sou do Porto dos Casais
Um Alegre e seguro Porto...
... uma Porto Alegre e nada mais!

Tudo bem, meu bem...
Aqui no sul, as gurias são prendas
E os guris, são cavalheiros,
Não são lendas...
Metades centauros por inteiros.

Eu sou da cidade, sou da Capital...
Aqui o Dicionário é de Porto-Alegrês,
Palavras, reticências, eteceteras e tal...
E, não uma enciclopédia Gauchês.

Tudo bem, meu bem...
Somos da América Latina,
Os restantes ou outras coisas mais.

A RUPTURA

por opção eu não quero levantar bandeiras,
nem manter a pira acesa.
chega dessa ilusão!

não sinto mais dores,
apenas um senão, a dor que, aqui, sinto e confesso...
o meu mundo caiu e o universo se partiu,
rompendo com o meu protesto
de paz e amor... que não deu certo.

por opção eu quero a sombra e a água fresca.
quero viver no esquecimento das horas
e do leve e iluminado sossego...

vou me perder no balanço da minha infância
e me deliciar com pequenas lembranças...
quero sentir o fremer das folhas
e o sopro do vento em meu rosto...
,,,ah, que carinho gostoso da natureza não humana.

PAIRA NO AR
A ESPERANÇA
DO SIMPLES AMOR
VERDADEIRO

somente sei
que a noite nasce,
quando o meu coração
pulsa cheio de ilusões
pois, é a hora de acreditar
que, o amanhã será bem melhor
do que o vazio de doçura triste,
dessa tarde de vento cinza-claro
que abre um vão em minha alma.
e ainda assim, vou sonhar acordado
acreditando na esperança do amor
do verdadeiro e simples amor

A SINCERIDADE É UMA QUEBRA DE LAÇOS DE AMIZADE

A sarjeta fede, como se fosse a minha corrente sanguínea embriagada.
Já estou cansado de ver o sol nascer quadrado todos os dias.
Essa luz que reflete, machuca os meus olhos sensivelmente machucados
Não quero saber de ninguém ao meu lado, iluminando o meu caminho.
Já fui bem educado... mal educado é esse inferno imundo e fedido
Paraíso bíblico... quem és tu, deus dos sacrifícios?
Esse é o horror que se estabelece em minha mente,
É só andar pelas ruas cheias de marginais e pobres infelizes,
Alimentados em profusão por um discurso improvisado e destruidor.
Não acredito mais em nenhum amigo, todos são inconformados
Pois, quando é pra ajudarem, enxergam os seus próprios umbigos.
Sim, já, passei por isso. Quando precisei, mesmo sendo impreciso,
Recebi de presente, um grande embrulho fedido... meu maior inimigo
És tu, mesmo, Frederico, a vida é assim: ódio, paixões, vício, desilusões
Tanto é falso como é verdadeiro o sentido... até o sentimento mais fodido...
Desisto de tudo, nem eu aguento mais, nem meu simples coração.

sbs
(Imagem da série “Inimigos” (2005 – 2006) de Gil Vicente)

DE REPENTE A LUZ IRROMPE
DA ESTRELA CADENTE
E O SONHO MANTEM-SE
ACORDADO

corta os pulsos...
covarde!

não desista do amanhã,
o sorriso resistirá,
tenha esse gesto de coragem.

não adianta usar mil disfarces,
nem orar por salve, salve!
chega desses disparates...

se tem fé em qualquer coisa
então, que agarre com precisão.

há sempre um lugar para a esperança,
ela vem e avança
e se lhe balança... causa fúria e logo amansa.

o coração ainda pulsa
com o luar... com o claro da lua
e tudo de novo em tudo outra vez...

se prefere o silêncio, então contemple-o.
se o amor lhe deixa pateta, então vivencie-o

mas, só não faça a besteira de se entregar
a melancolia é uma dor no peito...
...uma dor que brevemente voa pra outro lugar.

mas, só não faça a besteira de se desligar.
toda a ferida cicatriza-se,
ficando em meio para trás...

O Homem é a Besta

Um dia
Em algum
Lugar
Eu disse...

(estou pensando)

...todo o dia é dia da idiotice humana

Meu discurso insiste,
Eu sou um ser idiota.
Como faço parte dessa humanidade,
Que não desiste
E que não se importa
De ser essa simples bestialidade...

Estupidez meu bem,
É a minha maior qualidade.
Comportamento zen?
Só se for a minha animalidade.

Eu continuo falando idiotices:
Inépcia é a minha cara-metade
E o que sou por inteiro, quase não me cabe...
Competência e eficiência, já vão tarde.

É... irmandade?
Humanos que somos
Íntima é a nossa desumanidade
Humanos, louvamos
Por tanta impunidade

Óh, deuses
Aprendemos a sacrificar
A nós mesmos

Óh, deuses
Em nome do Pai e do Filho
E do Espírito Santo,
Amém.

FODA-SE!

isso é
um livre aviso
em livre arbítrio

pense nisso, antes de foder
com a vida de alguém

você quer foder comigo
então, me fode...
mas, me fode bem
pois, depois vai ser eu
 que irei foder contigo

ah, meu amor
és tu meu grande
e inesquecível
amor
te amo tanto
que nem sei...

ah, coisa de louco
se fodo comigo
se fodo contigo
se nos fodemos muito
e muito é querer também...

PORTA-TE BEM
SENÃO VEM
O BICHO-PAPÃO

Por favor
Nem tente
Se comparar
A mim

Por favor
Nem Pense
Que é tão fácil
Assim

Sou desses
Que nem
'tô aí

Sou desses
Que ando
Por aí

Sou bicho grilo
Minha realidade
É fora daqui

Sou bicho-da-seda
Meu casulo é matéria prima
Dos fios mais nobre do mundo

Sou osso duro de roer
Quando quer que eu seja
O que não sou... o que não sei...

Por favor
Nem me tente
Às tentações
De um amor 
Inexistente

Por favor
Sou bicho papão
Que papa-gente
Cuca, Boitatá
Mula-sem-cabeça

Por favor
Já me disseram
Cresça e apareça
Cresci e apareci
E só vi mais palhaçadas

Por favor
Não sou da paz
Mas faço guerras
Sou do País das Maravilhas
Eu, Alice e a Lagarta

MEU TESTEMUNHO

Querem o meu sangue
Mas, só tenho veneno...
Minha língua de serpente,
Entra na corrente sanguínea,
Envolve o ventre
E se prende na mente.

Querem o meu nome
Pra sujar à parede.
É uma forma mais simpática
E elegante,
Pra dizerem o que sentem.

Querem a minha felicidade
Na força de uma arma quente
E como se fosse fácil,
Eu não me escondo,
Nem entre quatro paredes...

Querem que eu desapareça,
Me dizendo o proibido palavrão,

Como se fosse a minha crença.
Envernizaram o mais belo caixão,
Pra minha morte... a maior sentença.
...ah, querem a minha nobre presença, então!

ESCONDERIJOS

Minha presa
É uma mistura
De águas correntes
E de estrelas cadentes

Minha presa
Tem voz ativa
Veste-se como bem quiser
E come o que lhe der

Minha presa
Tem a cara de uma mulher
O corpo do universo
E a alma de um verso

Um verso qualquer
Escondido
Queimando no mármore do inferno
Um amor proibido

Minha presa
Me caça
Me desprende
Me enlaça

Esconderijo
É o meu abrigo
Minha biblioteca
Meu templo

Meu labirinto das ideias

E-U-D-E-C-A-D-A-U-M

Quero estar sozinho
Quando estou com alguém

Não sei
Seguir um único caminho
Pensei
Sou um pássaro ou um passarinho

Quando estou sozinho
Quero estar com alguém

Não sei
Estar longe do mesmo ninho
Pensei
Sou sutil no amor ou no carinho

Sou assim mesmo
Mas, não é medo
Sou assim mesmo
Mas, não me prendo

Tenho dentro de mim
Um universo inteiro
Uma alma, um corpo
E um verso verdadeiro

Sou assim mesmo
Em certos momentos
Um comportamento
Voltado a mim mesmo

Sou assim mesmo
Em conflitos internos
Ego, superego e Id
Cada indivíduo que me permiti

Sou assim mesmo
De atuação espontânea
Dos anseios abnegados
De natureza humana

Sou
Pra uns
Um louco solitário

Sou
Pra outros
Um ser iluminado

Sou assim mesmo
Meio avesso
Espelho quebrado
Ao avesso
Imerso no retrato

Sou assim mesmo
Meio beijo
Ou todo inteiro
Meio abraço
Ou todo espalhado

Eu
Sei
O
Que
Sou
O
Que
Não
Pareço
Ser
Meu
Amor
Lado
A
Lado
B

DOIS ATOS: PRAZER SEXUAL COM SABEDORIA

há duas coisas
na vida
que nos são
concebidas
seja de qual for 
a sua origem:
invenção
ou criação,
criatura
ou criador
coisas
que nos curam
que nos aliviam

há duas coisas
na vida:

os orgasmos
que nos transportam
pra fora de tudo
para um outro mundo
uma outra saída
exaltação mística
sentimentos profundos
momentos intensos
de muita alegria
dos prazeres mútuos
e dos efeitos das fantasias

há duas coisas
na vida:

a inteligência humana
que habita à filosofia
no conhecimento pra cura
na mediada da loucura
das ideias complexas
dos pensamentos do dia a dia
da graça do palhaço
do homem no espaço
das mitologias
da elegância do salto alto
e do silêncio que nos desafia

A COMPLETUDE

na amplitude desta escuridão
há sempre uma tensão
a claritude

possuo algo
mas,
só posso
sussurrar
em teu ouvido...
se gostar,
me responda
em gemidos.
se quiser mais,
suplica
além de um pedido.
se entrar em desespero,
grita!

se o que sentires por dentro
for impulsivo
não se prenda
ao tomar a decisão
pois, o que gera
uma opinião
vem dos primitivos instintos
entre corpo-coração e alma
que se alimentam da razão
assim como o empirismo
não tenha medo... vá com calma!
ou se é conceito
ou se é por definição

na plenitude contrária semeia-se a reciprocação
pois,há sempre o que aflora dessa união
a completude

QUANDO O MEU menor MONOLOGO É O MEU maior DIÁLOGO

Deixa eu pensar uma coisa...
Louco... ah, louco como eu quero ser
Mas, não desses loucos preso em um manicômio
Pois, o meu maior pesadelo, entre outros tantos,
Habita aqui mesmo, nesse cotidiano...
É nessa urbe que orbita meus pensamentos insanos.
Às vezes, como um sentimento pueril
(vontades tolas)
E outras vezes, como um lobo juvenil
(desejos desarrazoados)
Fazendo pacto com tudo, com o mundo
E com esse meu lado solitário.
Tão louco, que sou de cara. Mas, não para os desavisados...
Uns com o dedo em riste, me chamam de endiabrado,
Que perdeu a razão, maluco, doido, alienado...
E outros, um tanto assustados, me dão etéreos significados:
Louco de alegria...
...alucinado
Vive de fantasias...
...apaixonado
E, mesmo, assim, eu cheio de excessiva anormalidade,
Continuo seguindo, passo a passo, o destino,
Que muitas vezes se perde em acasos.

Meu hospício
É aqui ao lado
Tem lugar pra todos
Só não tem guardanapos...
?Guardanapos
Sim! guardanapos,
Pra escrever poesias...
Mas, existe um muro inacabado
É só chegar pela porta dos fundos
E, lá, há um espaço
Com paredes brancas
E pedaços de carvão...

Duas putas gostosas chupando um cliente

uma mulher que é puta, ama
e outra mulher que é dama,
transa vadia na cama...
então, são duas em uma
a tecerem suas fantasias em tramas.

licenciosidade de costumes,
liberdade lúbrica...
tons em rosas e cheiros de perfumes,
naturalmente rústica
e aos educados, causa ciúmes.

monotonia é querer viver
em tempos de total decadência moral
cansa a beleza do prazer
Chega de ser o modelo mais-que-ideal
Ou se é todas as vontades que não se pode conter
Ou se é todas as faces do desejo sexual

duas putas gostosas chupando um cliente
tem que pagar pra ver, tem que pagar pra crer

O DESMASCARADOR

De todos os preconceitos
E ilusões
Da humanidade,
De todos os conceitos
E padrões
Da sociedade...

Eu
Ouso, olhar
Sem temor
Aquilo que
Se esconde
Por detrás,
Das máscaras.

Eu
Não posso aceitar
Essa universalidade,
De tais valores
Entre grandes
E pequenas verdades,
Imposta em seus ideais.

Friedrich Wilhelm Nietzsche,
Eu quero pensar ao ar livre,
Afastar-me deste cotidiano,
Que não me permite respirar.
Eu quero abandonar essa razão,
Que não me deixa pensar.

Friedrich Wilhelm Nietzsche,
Eu quero que a moral tradicional,
Venha à morte...
Eu quero que a inquietude e o caos,
Me transforme - amor, mente e sorte...
Eu quero viver sem os assombros dessa realidade.

OUTROS DICIONÁRIOS

nós humanos
ah, como somos
objetos do desejo
um dos outros
lúcidos e loucos
dia e noite

a mulher
uma máquina
retrátil
entre posições
que retrai e contrai
corpo, alma e cérebro

o homem
um guarda-chuva
entre ereções
que abre (prolonga)
que fecha (encolhe)
corpo e nada mais

ME AME NO INCONCEBÍVEL LIAME

não me atente
sou suscetível
às coisas
do consciente
inconsciente
coletivo

te desejo com prazer

não me invente
sou imutável
ao sentido
da essência
que me define
subjetivo

te completo como ser

eu quero que me consuma
como a amada criatura
que não se acostuma
em beijos e abraços se prender

eu quero que em suma
seja apenas uma aventura
que revela-se uma a uma
com a felicidade de um único viver

Entre vistas
(pelo buraco da fechadura)

Você tem certeza de que o que vê
É realmente o que sente (?)
O que inventa a mente
Ela não desmente
Enquanto a vontade
For o maior desejo do querer...

O que se quer no que se vê
É sentir a intensidade do prazer
Então, a imagem que lhe vejo
Faz meus sentimentos terem adejos
E cada vez mais crescer...
...ah, esse visual objeto que cortejo!

Loucos e etéreos lampejos
ah, como as palavras são mágicas...
ah, ser subjetivo: sujeito pensativo
E seus segredos mais íntimos
ah, ser esse indivíduo
Entre o anjo maldito e o demônio do bem

Você tem incerteza de que o que vê
É criação do inconsciente
Em movimento REM (?)
...ah, efêmera mensagem de Ideia platônica
Em ebulição de um amor mundano e carnal
...ah, eterna viagem orgânica e mental

Psiu...

Vem pra cá
Pois, quero
Te sentir...
Tu sabes
Que a tua cútis
É tão rutilante

Vem pra cá
Olha pra mim
Como um sonho
Em livres adejos
Em sibilantes
Lampejos

Vem pra cá
Me aqueça
Com teus lábios
Vermelhos
E me penetra
Com teus beijos

Vem pra cá
Pois, quero
Teus desejos
impossíveis
Teus sonhos
Em meu reino

Vem pra cá
Que vou
Um poema
Te enfiar
Abra a boca
E a alma louca

Vem pra cá sua vaca,
Égua, cachorra
Cobra, piranha
Tigresa, galinha
loba, leoa
Gata, coelhinha

A PEGADA

Se for pra fazer
Que faça!
...faça com vontade
nem que doa, nem que arda
Tem que ser
Com pegada

Se for pra fazer
Faça com intenso prazer
...é beijar beijando
...é pegar pegando
...é abraçar abraçando
...é lamber LAMBEIJANDO

Se for pra meter
Metendo
Que faça com atitude
É só sentir a intensão
E o sentimento atravessando
Como se não existisse o amanhã

A pegada é que nem química,
Não se explica
(nem Freud, nem Pink Floyd)

Pega no quadris
Meta com força, com cadência
Sem estúpida violência
E nos seios como se fosse uma fruta suculenta

Pega na bunda
Lambe-a
Morda-a
Chupe-a
E cuspa no cu

Deguste-a
bUceta

Lambuze-o
caralho

Dedos, mãos, nariz
Esfregue-os
Na língua
No corpo, na xota
No pau, na boca, nas tetas

É um ciclo natural
Que flui organicamente
É cinco contra um: punheta

É uma foda radical
Que fode até com a mente
É deixar de ser careta

A CRIAÇÃO da XOXOTA poema de Mario Quintana

Sete bons homens de fino saber
Criaram a xoxota, como pode se ver:

Chegando na frente, veio um açougueiro
Com faca afiada deu talho certeiro. 

Um bom marceneiro, com dedicação
Fez furo no centro com malho e formão.

Em terceiro o alfaiate, capaz e moderno
Forrou com veludo o lado interno.

Um bom caçador, chegando na hora
Forrou com raposa, a parte de fora.

Em quinto chegou, sagaz pescador
Esfregando um peixe, deu-lhe o odor. 

Em sexto, o bom padre da igreja daqui.
Benzeu-a dizendo: “É só pra xixi!”

Por fim o marujo, zarolho e perneta
Chupou-a, fodeu-a e chamou-a…
Buceta!

TUDO DEPENDE DAS CIRCUNSTÂNCIAS

É certo
Sentir algo
E não o amor...

(?)

É um ponto de interrogação
Que habita dentro de nosso corpo

(!)

É um ponto de exclamação
Que afirma a sinfonia da eterna paixão

Afinal de contas
Qual é o assombro
Se é infinito

...se é do fundo d'alma
Algo que deslumbra
E é forte

Sentir o algo a mais
Que o defina
Como sentimento único

Como uma coisa indeterminada
Qualquer coisa em algum grau
Um tanto, algum tanto, um pouco

É incerto
Sentir o amor
Confesso?

É um grito
Bendito
Maldito silêncio no eco

É tão simples que ninguém nota
Enquanto o sufoca
(coração que se enforca)

É tão complexo que ninguém entenda
Enquanto não se desvenda
(é viver em solidão tremenda)

Amor é algo
Difícil
Crucial e intenso

Algo é amor
Relativo
Lágrima e dor

É o que soa a cada dia
Nas batidas do coração
E, mesmo assim é angustia

Sentir algo e não amor...

o tombo

na primeira

me levantei

...um soco

no estômago

na segunda

me livrei

(um esquive)

mas, não pude evitar...

na terceira

dei o bote

arremessei o verbo

em forma de concreto

PORNOGRAFIA I
(em fragmentações)

tons de gris
como as esculturas
que vi
tinha corpos nus
e uma coleção de pinturas
e gravuras obscenas

tons de giz
em palavras curtas
que li
falos e vulvas rabiscados
e, como se fossem desenhos de crianças
em movimentos... em expressão

senti-me no céu
e a minha cariz
desfez-se do véu

e toda a nudez exposta
não tinha delito
não havia réu
nem interpretação de juízo

senti-me engolido
pelo prazer
e livre de tudo que eu quis entender

a cabeça, a face, o rosto, o semblante
e outros vultos
avultaram em minha mente
coisa indecente
e outros sentimentos ocultos
afloraram, tão, repentinamente

os corpos modelados
esculpidos por cupidos endiabrados
(argila, pedra, gesso e metal)
braços e pernas inteiros ou cortados
(gregos e romanos entre o anseio sexual)
A arte entre o amor e os desejos exagerados

Kama Sutra
não se veste
nem com adutra
malquiseste

inomináveis pensamentos
indefiníveis sentimentos

doces são os mistérios
entre os palavrões
salgados são os impropérios
se não há ereções

a pornografia e as suas fragmentações
o pudor e as suas intenções

Duração Relativa das Coisas O tempo não esconde A flor envelhece A memória também Ele é cruel Eu sei É o que te faz refém Das lembranças Dos anos Do que não se fez Amores perdidos E dias de solidão O rosto não se esconde Diante do espelho As linhas do tempo Definem os momentos E o que passou Passou Não volta mais Às vezes é o que te retém Meu bem Sonhos acordados E noites mal dormidas (sbs)

Sandro

Provar por A mais B Quase que num desatino Feliz Ano Novo Aos Poetas e Loucos Pois são os únicos Que acreditam Que estão em sã consciência (sbs)

1 DE JANEIRO DE 2017 0:52

Sandro

Massacre Coletivo Das entranhas da terra, tripas e intestinos de vivos corpos enterrados, alimentaram animais famintos... vermes microrganismos extraterrestres que nasceram dos ventres livres, livres Poucos eram os suicidas, que por amor morreram. eram animais ou pessoas? houve carnificina, houve versos sem despedidas... marchas fúnebres flores e negras cores amores entranháveis do ponto mais profundo adeus, adeus (sbs)

Sandro

?Será que adianta ser diferente? (...se tudo se repete igualmente) Não quero me refugiar Em mais um ano Pra ficar pensando depois Que tudo não passou de um grande engano Não tem mistério Só a vida que é curta pra acreditarmos Que um dia tudo isso muda Não quero ficar mudo Nem pensar que sou diferente Apenas sou realista Igualmente o ano que passou E sei que não adianta mais querer mudar Há esperança sempre Assim como nos versos de um poema (sbs)

Sandro

Bem-estar A felicidade está ali, É só olhar plenamente Como se olha pra sorte. Acontece de repente... É um contentamento Que transforma a inquietude Ou qualquer sofrimento, Num estado consciente De amor e paz... (sbs)

1 DE JANEIRO DE 2017 17:35

Sandro

Das Coisas Vã Hoje O meu coração Anda bobo, Acelera Por qualquer coisa vã... Mais para o lado pueril. (sbs)

9 DE JANEIRO DE 2017 22:30

Sandro

O SOPRO

uma ideia...
...das minhas experiências vividas
sinto a metafisica
a me guiar...
quase que acredito na existência etérea
e ás vezes nem sei o que dizer (?)
mas, penso que penso e que penso diferente...
talvez uma tentativa ao acesso pra transcender

?qual a razão de tudo isso
(amor e sorte) (vida e morte)
sou como sou, como o minotauro no labirinto...

vivo na arquitetura do meu presídio
(Dédalo e Ícaro)

Teseu, és tu o meu heroi!
Mata-me pois, sou o mito

qual a razão de tudo isso?
(jogo e azar) (fogo e mar)
sou como Deus, como a alma humana...

vivo preso em meu espírito
(no paraíso da minha mente insana)

uma ideia...
...das minhas realidades suprassensíveis
sinto a totalidade cósmica
a me guiar...
e quase me divido entre a fonte dos princípios gerais
para o conhecimento empírico
e a imaginação de ser o protótipo da criação
(ser ou não ser, eis a questão)

não leio mais nada
?que porra é essa?
não quero uma vida alienada

a única pressa
é em ver a minha amada
amor que só me interessa

apenas, quero uma ideia pra manter a respiração
pensamento e ação

apenas, quero uma ideia para os conflitos da razão
não-corpórea e corpo-coração

Desnudez

A poesia, é a cura da maldade,
Às vezes, me causa em demasia
Uma certa perplexidade
Mas, como sou aprendiz de feiticeiro,
Tudo é reversível na pura dúvida
(na incerteza das divindades)
Os Poetas, desafogam suas confissões
E confissões de outros pois, não são padres
Para guardarem a sete chaves
A estupidez da humanidade...

A poesia, tão nua e tão crua,
Vem de onde e nunca parte,
Vai no fundo do mundo
E, até atravessa à saudade...
Uma mentira atrás da outra
Ou dos sonhos ao alcance da realidade...
É como o amor que não tem idade
Ou é como o sexo, só quando dá vontade?
Que arte é essa, com tantas faces...

PERPETUAÇÃO DAS ESPÉCIES

De tão louco
Ele se casou
De novo
E fez mais filhos
E as mulheres
Em seu caminho
Nem pensaram
Duas vezes
Gozaram muito
E se encheram
De prazeres
E seus filhos
Cresceram
E mantiveram
A expectativa
Da renovação
Das espécies

De tão louca
Ela se casou
De novo...

...e novamente
Se repetiu
E de repente
Mais um filho pariu
E dessa corrente
Outra filha partiu
Para a perpetuação
Das espécies...

CASE COM ELA

toda donzela é pura
e toda puta também...
viva-se na rua como a dama
e na cama, nada lhe contém
usa, abusa e ama
revelando o bem e o mal que tem
seu delito está na sua fama
de dizer palavras belas e sacanas
na hora que lhe convém

ah, mulher das calcinhas de rendas
das transparências e tramas
vermelha, preta e branca
e toda cor que lhe veste bem

ah, mulher das calcinhas que não são pudendas
das formas mais insanas...
pequenas, enfiadas e com fendas...
e toda a delicadeza que leva ao nirvana

...é pra não rezar
(nem profanar)
... é pra não dizer amém
(nem abençoar)

...é pra ser mundano
(na liberalidade)
...é comer-se ambos
(na libertinagem)

...é macho
na vulva
...é fêmea
no cacho da uva

PanOramA outonal

É quando a luz imprime
Com a suave definição outonal
O delicado momento que se estampa:
Madeira, pedra e metal...
folhas verdes e folhas secas
E outro qualquer material

É quando o dia é mais curto
E a noite é mais longa
Até se encontrarem e serem unicamente o casal
(Equinócio e Solstício)
E todas as diferenças num instante
Permanecerão gravadas como igual

É quando a paisagem desvenda-se
E em arte, transforma o mundo real
É quando o olhar percorre
E alcança num lance
O panorama natural
É quando a poesia é a vista mais bonita!

(sobre a fotografia de Leandro Selister: 

Outono XXII | Autumn XXII. 20.05.2017

Praça Gustavo Langsch - Porto Alegre)

MEU SEGREDO
É UM DESEJO
INSOPITÁVEL
DE EXPRESSAR

MINHA VIDA QUEM SABERÁ
HÁ UMA FORÇA OCULTA
QUE NÃO SE DESCULPA
NEM CONSEGUE EXPLICAR

Quem diria?
Morrer sozinho
Ainda bem...

Gosto da solitude
Das mudanças...
Dia e noite, lua e sol.
Mas, não me acostumo
com a dor e a enfastia
E toda a monotonia
Que a vida nos traz.

Quem diria?
A esperança vive maldita
Sempre viva na caixa de Pandora.

Gosto das pequenas rosas,
Do olhar do primeiro amor,
Do acordar e sentir-se livre.
Mas, não me sinto bem
Com as flores mortas
E o vento no tempo nublado,
Isso me deprime...

Quem diria?
Viver na companhia
De alguém...

Gosto das coisas do mundo,
Das batidas do coração,
Segundo por segundo.
Do beijo e do abraço que nos mantêm.
Mas, sou da paixão que não se prende,
Para que eu possa, a qualquer instante
Estar, ao teu lado, pra sempre presente...

ACHAR-SE SEM A PESSOA QUE SIRVA

vago
pelas estradas
sem rumo 
certo
contando as estrelas
à procura de uma estrela
mais próxima,
só para ofuscar
esse imenso universo
deserto que habita
em meu coração

vago
sem destino
como um barco
que vaga pelos mares
ao sabor dos ventos
vago na persistência
regular
que se mistura
na corrente que traz
e leva o verso
num sussurrar

vago
confuso, turvo
sem ocultar
cobrir, velar
quase imerso
nas convulsões
do meu pensar
que permite
a minha existência
que permite
agora mesmo me levar

vago
sem significado
e travo
alma e corpo
lentamente
sem propriedade
ainda mais quando anoitece
e a sombra cresce
eu vago sem endereço
de lugar em lugar
na luz de todas as estrelas

POETISA - me

mulher
és tu, mil feras
entre as sensíveis pétalas,
(rosas, orquídeas e violetas)
da mais cintilante
flor
Mostra-me
as tuas armas
Mortais...
entre as mais belas
o amor

mulher
a tua pele prateada,
dourada,
negra-pérola-cor
é protegida
e, como se fosse capa mágica,
imaculada
dá carinho, guarida
e aconchego no ninho.
querida...
(perigoso é cruzar teu caminho)

mulher
ferida
que não aceita a perfídia,
mostra as suas garras
de criatura
tão penetrante que qualquer espada,
corta qualquer armadura
pois, é filha de Cérbero e Quimera (?)
és tu, mulher
(Hera terra, sol e lua)
o Leão de Neméia...