EQUILIBRADAMENTE DESEQUILIBRADO

somente reparo
no olhar solitário
como quem repara
a alma de ninguém

não sou nostálgico
a ponto de despertar
a tristeza
pela falta de alguém

me sinto às vezes depravado
meu diálogo soa desprovido de juízo
(a procura de um ano sabático)
fustigando os sentidos

vivo em pleno livre arbítrio
(nem Deus nem diabo)
sou da boa causa
dos poetas, loucos e apaixonados

penso na magia da sereia
na areia movediça
na lua dos namorados
no desapego do dia-a-dia

gosto do imprevisto
da ausência do período
será meu benefício
ou é destino ou é acaso

conheço o meu caminho
corpo carne e mente desejados
entre amores e ardores revoltados
em sonhos acordados

se fosse resumir os meus desatinos
se fosse pedir desculpas pelos meus pecados
se fosse dizer algo aos teus lábios calados
eu estaria em outro plano e plenamente sepultado