segunda-feira, 22 de maio de 2017

PORNOGRAFIA I
(em fragmentações)
tons de gris
como as esculturas
que vi
tinha corpos nus
e uma coleção de pinturas
e gravuras obscenas
tons de giz
em palavras curtas
que li
falos e vulvas rabiscados
e, como se fossem desenhos de crianças
em movimentos... em expressão
senti-me no céu
e a minha cariz
desfez-se do véu
e toda a nudez exposta
não tinha delito
não havia réu
nem interpretação de juízo
senti-me engolido
pelo prazer
e livre de tudo que eu quis entender
a cabeça, a face, o rosto, o semblante
e outros vultos
avultaram em minha mente
coisa indecente
e outros sentimentos ocultos
afloraram, tão, repentinamente
os corpos modelados
esculpidos por cupidos endiabrados
(argila, pedra, gesso e metal)
braços e pernas inteiros ou cortados
(gregos e romanos entre o anseio sexual)
A arte entre o amor e os desejos exagerados
Kama Sutra
não se veste
nem com adutra
malquiseste
inomináveis pensamentos
indefiníveis sentimentos
doces são os mistérios
entre os palavrões
salgados são os impropérios
se não há ereções
a pornografia e as suas fragmentações
o pudor e as suas intenções
Foto de Sandro HelterSkelter Bustamante.

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